Bolsonaro ataca STF, convoca manifestação e alfineta Mourão em convenção do PL
Durante discurso na convenção nacional do Partido Liberal (PL), realizada neste domingo (24) no Maracanãzinho para oficializar sua candidatura à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro citou ações de seu governo, elogiou lideranças do Centrão e criticou o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário nas pesquisas. Bolsonaro ainda voltou a fazer ataques ao STF e convocou apoiadores a irem às ruas no próximo dia 7 de setembro, mesma data em que, no ano passado, participou de manifestações antidemocráticas que pediam o fechamento da Corte.
Em sua fala, evitando citar textualmente o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro inflamou o público ao dizer que “hoje sabemos o que é” a Corte. Após a frase, o presidente ficou em silêncio enquanto o público vaiava e gritava: “Supremo é o povo”. No final do discurso, o candidato à reeleição mencionou o STF de forma mais direta, ao se referir a “surdos de capa preta”.
“Vamos às ruas no dia 7 de setembro pela última vez. Esses pouco surdos de capa preta tem que entender o que é a voz do povo. Tem que entender que quem faz as leis é o Poder Legislativo e o Executivo. Todos temos que jogar dentro das quatro linhas” disse o chefe do Planalto.
Bolsonaro também disse que o Exército está ao seu lado, e citou indiretamente as acusações de fraudes em urnas eletrônicas que seus apoiadores têm propagado, sem apresentar nenhuma evidências que as sustentem.
“Esse é o Exército que está do lado do povo, que não admite corrupção, que não admite fraude. Que merece respeito, e que vai ter”, afirmou.
Na última segunda-feira (18), Bolsonaro já havia atacado os ministros Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) durante reunião com embaixadores.
Na convenção deste domingo, o chefe do Planalto ainda diz ter conversado com Paulo Guedes e que irá manter o auxílio em R$600 a partir de 2023: “E tenho certeza, teremos deflação no corrente mês”.
Já no fim do discurso, Bolsonaro anunciou a escolha do general Walter Braga Netto (PL) como seu candidato a vice e enalteceu a presença de militares em seu governo. Ele aproveitou para alfinetar Hamilton Mourão, que é o vice-presidente da sua chapa no momento: “Vice tem que ser alguém que esteja do seu lado em momentos difíceis e não conspire contra você”, apontou o presidente
Bolsonaro também elogiou, em momentos distintos, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) – a quem chamou de “grande amigo” -, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP).
Ao mencionar o ex-presidente Lula (PT), a quem chamou de “ladrão” e “cachaceiro”, Bolsonaro indicou que participaria de debates durante a campanha.
“Não tenho nem adjetivo para qualificá-lo (Lula) neste momento. Quem sabe num debate, caso ele esteja presente”, afirmou.