Calor do verão e superlotação de praias elevam riscos de doenças na alta estação
Os casos de viroses, covid-19, dermatites e outras doenças respiratórias são mais comuns do que se imagina durante o verão. Segundo especialistas, esse aumento é causado, principalmente, pelo clima quente da estação, além da superlotação das praias, o que contribui para a proliferação de vírus e bactérias, especialmente, após a festa de Réveillon, quando há maior fluxo turístico.
Aumento nos casos de covid-19 e viroses
Em entrevista ao Portal M!, o médico infectologista Robson Reis explicou que a característica do clima do verão provoca a degradação e consequente contaminação de alimentos. Segundo ele, isso aumenta os riscos, somados às grandes aglomerações em praias, festas e demais eventos.
“O verão é caracterizado por um clima quente, um clima úmido e muitas vezes com período de chuvas esparsas. Então nós temos aí de forma mais comum as doenças de transmissão por água e alimentos. Isso porque esses alimentos, devido a essas condições climáticas de quente úmido, acabam na verdade se deteriorando mais facilmente, sejam aqueles levados para ser consumido pela pessoa ou por uma família na praia, no campo, o que for, ou aqueles alimentos que foram levados para serem vendidos, comercializados na rua”, declarou o médico.
Reis apontou ainda que identificou um aumento nos casos de covid-19 em Salvador. Segundo ele, a constatação veio após relatos com colegas de profissão e também mediante os seus atendimentos feitos entre o fim de 2024 e as primeiras semanas deste ano.
“Na verdade, não só a Covid, mas a influenza, a gripe, outras virosas respiratórias também. Como nós costumamos dizer, toda vez que você tem aglomeração de pessoas, você aumenta o risco de transmissão. São doenças que ocorrem o ano inteiro, mas são mais comuns no outono e inverno e podem acontecer também no verão, principalmente quando a gente fala em aglomeração de pessoas”, destacou o infectologista.
Dados em Salvador e na Bahia
Apesar de ser uma época do ano em que as doenças virais e bacterianas aumentam a sua proliferação, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), doenças como dengue e covid-19 tiveram uma redução de mais de 90% nos casos. Os dados são até a terceira semana epidemiológica, que corresponde à primeira quinzena de janeiro deste ano.
Segundo a SMS, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação registrou 55 casos de covid-19 e apenas quatro de dengue em toda a capital baiana. Isso representa uma diminuição de 95,8% e 94,6%, respectivamente, em comparação ao ano anterior. No caso das viroses, que são mais comuns nesta época do ano, a SMS não informou os registros.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) havia informado apenas sobre a proliferação de dengue no Estado. Segundo os dados encaminhados ao Portal M!, entre os dias 29 de dezembro e 18 de janeiro, foram registrados 893 novos casos de dengue na Bahia. No mesmo período de 2024, foram notificados 2.460 casos prováveis, o que representa uma redução de 63,7%.
Ao ser confrontado pelo Portal M! com os dados da SMS, o médico criticou a falta de transparência dos dados apresentados. Segundo Robson Reis, ainda faltam informações a serem apresentadas não só pela SMS, mas também pela Sesab, e que essas informações deveriam primeiro passar pelos médicos, para garantir que elas reproduzam a realidade.
Dicas de prevenção
Segundo o médico, higienizar as mãos é o principal fator de prevenção. Utilizar álcool em gel ou água e sabão antes de se alimentar ou tocar partes do corpo, como olhos, nariz e boca, é essencial. Ele recomenda ainda evitar tocar essas partes do corpo quando estiver na rua.
Além da higienização, a constante hidratação também é extremamente necessária, tanto para quem quer evitar se contaminar quanto para quem já se contaminou com viroses. “É fundamental que o indivíduo esteja bem hidratadopara que o organismo dele e seu sistema imune estejam mais aptos a lidar com esses agentes”, explicou.
No caso da covid-19, o médico ressaltou que estar imunizado com as vacinas é essencial para o combate, além de tomar vacinas contra a influenza. Assim, segundo ele, a infecção é combatida com mais eficácia pelo corpo.
Carnaval
O medico infectologista lembrou que, no período momesco, as doenças acabam sendo mais comuns, e gerando a tradicional ‘Virose de Carnaval’ justamente por causa da aglomeração, compartilhamento de objetos e da cultura do beijo.
“A relação das grandes festas com as doenças costumam acontecer por mais frequência por alguns motivos, dentre eles nós colocamos a aglomeração de pessoas, que ficam mais próximas uma das outras. [Também] a questão da alimentação e a pouca ingestão de líquidos na rua, além do compartilhamento de garrafas de água e, muitas vezes, de materiais de uso pessoal, como toalhas de banho”, declarou o médico.
Para os foliões que vão celebrar o Carnaval, o médico reforçou as orientações de prevenção já dadas, lembrando de que itens de uso pessoal, especialmente garrafas de água, devem ser mantidas como sendo uso individual. Higiene, hidratação e vacinação são essenciais para prevenir qualquer tipo de doença.