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28 November 2024
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Caos, desespero e desorganização para cadastramento biométrico marcam a vida dos baianos

Humilhação. Esta é a palavra que melhor descreve o sentimento de todos aqueles que têm buscado a sede do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia para proceder o recadastramento biométrico. São milhares de trabalhadores que se dirigem diariamente aos postos de atendimento da justiça eleitoral baiana e não encontram condições dignas mínimas. Muitos deles chegam no dia anterior e passam a noite na fila aguardando a sua vez. 

Este absurdo está na conta do presidente do TRE-BA, José Edivaldo Rocha Rotondano, que faz uma campanha de terror sobre o prazo para término da biometria, com ameaça de cortes de benefícios sociais, de não mais atendimento do eleitor após o prazo fatal, que o próprio TRE-BA estabeleceu, dentre outros disparates.
 
Tudo isso seria desnecessário, pois o prazo nacional de biometria, conforme divulgado no site do TSE é 2022, sendo o ano limite para a Bahia, o ano de 2021. Ou seja, o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, poderia ter feito um trabalho escalonado para a cidade de Salvador, diga-se de passagem, o terceiro maior eleitorado do país, sem que precisasse submeter o povo da cidade, às condições indignas que temos assistido.
Contudo, o presidente do tribunal está apenas preocupado em atingir metas. Ao que parece, sua única preocupação é ganhar reconhecimento e utilizar o sofrimento da população para alavancar a própria carreira.
 
Não bastasse toda esta sequência de absurdos, o desembargador tenta transferir a responsabilidade pela situação para os eleitores: “porque desde 2014 que isso está sendo feito, entrou por 2015 e eu passei 2016 e 2017 indo em todos os veículos de comunicação implorar que os eleitores recadastrassem por biometria”. A frase do desembargador mostra total desconhecimento da realidade da maioria da população. De dentro do seu gabinete e do seu carro com motorista e segurança paga pela população, ele não sabe o quanto é penoso para a povo pobre se deslocar para a sede do TRE, aumentando o já contado gasto com transporte coletivo, precisando muitas vezes se ausentar ao trabalho para atender as determinações da burocracia.
 
A culpa das filas enormes não é da população que deixou para última hora. A responsabilidade é do TRE que não garante estrutura mínima para atender a população, que se ausenta dos bairros onde ela mora, que neste período final contava com menos de uma dezena de banheiros químicos para servir ao contingente superior a dez mil pessoas que têm buscado o prédio para satisfazer a exigência do Sr. Presidente. Enquanto isso, a população pobre e negra é quem sofre nas filas, sob sol e chuva, passando fome e sede, sem nenhuma mínima comodidade.
 
QUEM SÃO AS PESSOAS QUE ESTÃO NA FILA DA BIOMETRIA DO TRE BAHIA?
 
Mas quem são essas pessoas que estão sofrendo na fila? Elas têm raça e classe. É população negra e pobre. Quem quiser comprovar basta dar uma rápida passada na sede do TRE verificar. Os brancos, ricos e famosos têm seus privilégios de serem atendidos em salas especiais, inclusive na sala do próprio presidente.
 
Por acaso, alguém encontrou algum político, cantor, ator, empresário ou juiz na fila do atendimento? Não? Nem encontrará. Pois para o Tribunal os ricos e poderosos da cidade têm direito a tratamento diferenciado. Por que que essa turma não encara a enorme fila? Não dorme na frente do tribunal para conseguir uma vaga? A Constituição não diz que somos todos iguais perante a lei? Que lei é essa que um tribunal que deveria garantir a sua execução é o primeiro a desrespeitá-la?
Essa humilhação tem que acabar. Sofre a população e sofre também os trabalhadores da justiça eleitoral baiana, que não tem condições decentes de trabalho para atender a população, que estão cumprindo longas jornadas, dormindo pouco, trabalhando como máquina para chegar a meta imposta pelo presidente do tribunal.
 
E tudo isso para que? Para impor a população, a participação em um jogo que todos já vimos que não irá melhorar a sua vida. Estas eleições falsamente democráticas e dominadas pelo poder do dinheiro somente serve para legitimar aquele que atacará os nossos direitos. O povo pobre já entendeu que não será o resultado das eleições que definirá as suas condições de vida, mas sim a sua capacidade de organização e luta para resistir aos ataques dos ricos e poderosos. Para resistir ao fim da previdência, dos direitos trabalhistas, a criminalização da pobreza e todos estes ataques que eles querem impor aos trabalhadores para resolver a crise que eles mesmos criaram.
 
Basta de terrorismo com a população. É preciso dizer a verdade sobre os prazos, acabar com as filas, garantir atendimento decente ao povo e condições de trabalho aos trabalhadores do tribunal. Acabar com os privilégios e o atendimento “vip” para os brancos e ricos. Expandir o prazo de atendimento já. Basta de humilhação!