Cerca de 700 mil inscritos do Bolsa Família não receberem Auxílio Emergencial.
Desempregada, a dona de casa Glaci Shmitt, 67 anos, ficou contrariada ao chegar em uma agência no último dia 17 de abril e receber apenas o dinheiro do Bolsa Família, valor bem menor do que o auxílio emergencial de R$ 600.
“Ela foi certa de que ia ganhar e, quando chegou lá, veio só o valor normal, que é R$ 178. A atendente disse que ela não foi selecionada”, conta Adriane Lopes, filha de Glaci.
Mais de 700 mil pessoas que recebem o Bolsa Família foram consideradas inelegíveis pela Dataprev, responsável pela análise dos cadastros, e não ganham nesse primeiro momento o auxílio de R$ 600.
A estatal analisou o Cadastro Único (CadÚnico) dos 19,9 milhões de beneficiários do Bolsa Família. Desses, 19,2 milhões foram aprovados para receber o auxílio emergencial. O restante, não.
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As regras analisadas são: ser maior de 18 anos, não ter emprego formal nem receber seguro-desemprego ou benefício assistencial e ter renda familiar per capita até meio salário mínimo (R$ 522) ou total de até três salários mínimos (R$ 3.135).
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, explicou nesse domingo (03/05) que o auxílio foi negado às 700 mil pessoas do Bolsa Família por não se enquadrarem nessas exigências.
“Existem esses detalhes”, evidenciou, ao destacar que empregados com carteira assinada ou que recebem o BPC, por exemplo, não têm direito ao auxílio.
Glaci, porém, contesta o resultado. Desempregada, a única fonte de renda que recebe, segundo ela, é do próprio Bolsa Família, além da ajuda dos filhos. O INSS ainda não analisou sua aposentadoria – a fila chega a 1,54 milhão de pessoas.
Alternativas
No dia 18, após receber a negativa da Caixa, Glaci fez o cadastro pelo aplicativo do auxílio emergencial. A opção foi criada primeiramente aos informais que não estavam no Cadastro Único. Mas logo se estendeu aos que tiveram o benefício negado.
Desde então, quase 20 dias após fazer o cadastro no aplicativo da Caixa, a desempregada segue sem resposta se vai, ou não, receber os R$ 600.
“Quando a gente liga no 111, não explica por que o benefício foi negado. No aplicativo, diz que o cadastro vai ser analisado conforme os dados dela no Bolsa Família”, relata Adriane.
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Porém, as contas chegaram na casa de Glaci. Com a pandemia do novo coronavírus, a situação dos filhos também foi prejudicada. Agora, é preciso contar as migalhas e esperar uma resposta positiva da Caixa.
“O dinheiro é importante até por conta da idade dela, pelas necessidades. É um direito que ela tem. Iria ajudar muito, como para comprar medicação. Os filhos ajudam como podem, mas, agora, com a situação da maneira que está, fica difícil”, complementa Adriane.