Cidades baianas ficam sem combustíveis, aeroporto e hospital podem fechar, e preços de alimentos sobem
No terceiro dia da greve de caminhoneiros autônomos, nesta quarta-feira (23), o cenário no país foi de desabastecimento em postos de combustíveis, entrepostos de alimentos e restaurantes. Os efeitos devem se estender nesta quinta-feira (24).
Em Salvador, a falta de estoque aumentou a procura por produtos que vêm pelo mar, de acordo com o jornal Folha de São Paulo. Na Feira de São Joaquim, centro de compras tradicional da cidade, batata e a cebola aumentaram de preço e boxes passaram o dia fechado.
No interior da Bahia, a situação também é crítica. As cidades de Jequié, Poções e Planalto estão os postos de combustíveis estão sem estoque. Em Vitória da Conquista, somente dois postos ainda têm reserva de combustíveis. As empresas de ônibus que operam na cidade informaram que reduziram a frota em alguns horários. Um dos postos informou que os combustíveis estão reservados para viaturas e ambulâncias.
Em Ilhéus, o aeroporto de Ilhéus pode suspender as atividades. O nível do combustível que abastece as aeronaves está abaixo e o setor de operações deve durar no máximo dois dias, segundo a direção do aeroporto.
A cidade de Juazeiro também enfrenta os transtornos da paralisação. Caminhões que transportam oxigênio de uso hospitalar não estão chegando ao município. A maternidade, o hospital infantil e o pronto-socorro só têm estoque para mais dois dias. Por causa disso, de acordo com a direção da unidade de saúde, todas as cirurgias eletivas vão ser canceladas e serão atendidos na urgência apenas pacientes classificados como vermelho e amarelo.
Restaurantes também se queixaram. As redes Divino Fogão, Domino’s, Habib’s, Koni, Subway, Spoleto e The Fifties relataram problemas de abastecimento, segundo a Associação do setor (ANR).
A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) diz se preocupar com o desabastecimento e o impacto no Produto Interno Bruto (PIB), segundo Renato Conchon, coordenador do núcleo econômico da entidade.
O protesto
Foram registrados protestos de caminhoneiros em 24 estados, como na terça-feira (22), mas com 384 pontos de rodovias bloqueados no início do dia que foram aumentando. Na segunda (21), foram 188. Segundo a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), foram 160 no Sul, 105 no Sudeste, 51 no Nordeste, 56 no Centro-Oeste e 12, no Norte. Em três dias, as manifestações resultaram em uma morte, um atropelamento, brigas entre motoristas e veículos danificados.