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27 September 2024

Circulação de ônibus só começará a ser normalizada em Salvador a partir de 8h

Rodoviários fazem ato nas garagens de Salvador

Cerca de 600 ônibus da frota de Salvador só sairá das garagem a partir das 8h desta quinta-feira (25)  4 horas após o horário que normalmente começam a circular.

O sufoco para os passageiros acontece em função de ação do Sindicato dos Rodoviários da Bahia de realizar uma assembleia de convocação da categoria que está em campanha salarial.

O atraso acontece em três garagens diferentes do consórcio Integra, sendo uma da bacia Plataforma (linha  amarela), uma da verde (OT Trans) e outra da linha azul (Salvador Norte).

A principal pauta da categoria é um reajuste de 8%, em negociação com os empresários há cerca de dois meses.

De acordo com a direção do Sindicato, depois de mais de 25 dias de campanha salarial foram esgotadas as possibilidades de negociação no calendário oficial de rodadas, sem nenhum avanço. A última negociação ocorreu nesta quarta-feira, mas a categoria e o sindicato patronal não chegaram a um consenso.

O sindicato alega que, mesmo reconhecendo a inflação do período, o patronal oferece 2,7% de reajuste salarial. Além disso, a contraproposta patronal está condicionada a aceitação pelos trabalhadores de corte de direitos, como redução de um domingo de folga e fim das horas-extras, o que para os trabalhadores é inaceitável.

Procurado, o assessor de Relações de Trabalho do Consórcio Integra, Jorge Castro, informou que foi surpreendido pela notícia de que a categoria fará assembleia nas portas das garagens nesta quinta e que as negociações ainda estão em fase incial. Segundo informações da Integra, a frota de Salvador atualmente conta com 2,4 mil ônibus e 1,3 milhão de usuários por dia.

Motorista Evangivaldo Marques fala que o reajuste é importante para a categoria
Foto: Tailane Muniz/CORREIO

Na garagem Praia Grande (bacia Plataforma), localizada na Avenida Suburbana, 260 ônibus ainda não saíram da garagem. Motorista de ônibus há 34 anos, Evangivaldo Marques, 52, concorda que a discussão de reajuste é legítima. O rodoviário não é favorável, no entanto, ao não-funcionamento de parte da frota.

“Nós ganhamos pouco, sim, é isso não é novidade. Você vai no supermercado e vê que todos os produtos só aumentam e o nosso salário, de trabalhador, só falta congelar, não sai do lugar para nada”, disse, ao comentar a oferta do patronal de 2,7%, segundo a categoria, abaixo da inflação.

“Mas, para mim, ou para tudo ou não para nada. Por mim, estaria rodando agora. Porque só a população quem sofre, porque se fosse greve, todo mundo poderia justificar em seus trabalhados, agora uma frota reduzida é ruim pra todo mundo”, completou.

No local, cerca de 100 trabalhadores, entre cobradores e motoristas, estão concentrados desde o início da manhã, segundo o diretor financeiro do sindicato, Edson Gomes. “Além do reajuste salarial, a gente também não conseguiu acordar pontos do social, como a folga do domingo. Eles sequer tocaram nesses pontos”, comentou.

Faz mais de 40 anos que Antônio Carlos Santos, 54, é motorista de ônibus. O rodoviários disse à reportagem que já perdeu as contas de quantas vezes a categoria se mobilizou para tentar melhorar o salário base, de R$ 2.279,56.

“Se eu disser que tenho esperança, estou mentindo. Pra mim, isso aqui não adianta não. Só estou aqui porque não tenho como rodar, porque no meu entender, seria melhor estar na rua mesmo”, defende.