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28 November 2024

‘Com certeza, foram as amizades ruins’, diz parente durante enterro de irmãos executados

Elias, João Mateus, e Tiago, mortos no São João do Cabrito, foram sepultados no Cemitério de Plataforma em meio a gritos, desmaios e pedidos de justiça

Gritos de desespero e pedidos de justiça, gente desmaiando e o céu nublado por testemunha. Assim estava composto o cenário de desolação e indignação no bairro de Plataforma, por volta de 15h40, quando os corpos dos irmãos Elias Nascimento Brito dos Santos, 19 anos, João Mateus Brito dos Santos, 17, e Tiago Nascimento Brito dos Santos, 16, chegaram ao cemitério para serem sepultados

Muitos, incrédulos, ainda não se conformavam com o desfecho da história dos três, criados por pais religiosos e dedicados a eles. Para uma tia-avó, que preferiu não revelar o nome, só uma coisa explica o assassinato dos irmãos, na noite de quarta-feira (17), por traficantes que invadiram a casa onde eles estavam, no São João do Cabrito: as amizades que escolheram.

“Todo mundo foi criado dentro do Evangelho. Eles acordavam cedo, iam para a escola, voltavam, iam para a igreja [Assembleia de Deus, em Plataforma]. Mas com os pais divorciados, cada um vai para um canto, as coisas mudam. Foram amizades ruins, com certeza”, sentenciou a tia-avó.

Entre as dezenas de presentes no Cemitério Municipal de Plataforma, um em especial mal conseguia caminhar, e precisou ser amparado por amigos e familiares. Era o autônomo Antônio Carlos Brito dos Santos, que estava trabalhando na construção de um imóvel no município de Taperoá, no Sul do estado, quando soube da morte dos filhos dentro da casa onde morava com eles.

Ele voltou a Salvador assim que soube da tragédia e, desde então, está em estado de choque, segundo familiares. A mãe, a vendedora de lanches Rosilene Nascimento Brito, nega que tenha presenciado o crime, como afirmou a polícia, nesta quinta. “Assim que eu soube, fui para lá. Foi só o tempo de pegar o transporte, mas quando cheguei, só tinha polícia, só tinha perícia. Até agora não vi os corpos dos meus filhos”, dizia a mulher, antes da chegada dos caixões.

Segundo Rosilene, apesar do divórcio de Antônio Carlos, há dois anos, e da mudança para Camaçari, ela nunca deixou de acompanhar os rapazes. “Eu abri mão da guarda deles. Passei para o pai, mas eu fiz tudo que eu podia fazer. As pessoas podem falar que eu era ausente, mas era ausência física. Eu estava sempre falando com eles. Estava sempre presente”, afirmou ao CORREIO, no cemitério.

Um vizinho das vítimas, sob anonimato, também se mostrou surpreso com o ocorrido. “Eram ótimos meninos. Acompanhei todos, sempre ensinando, aconselhando. Eles faziam parte do grupo de jovens da igreja, nascidos e criados na igreja. Não mexiam com coisa errada. Foi uma fatalidade”, afirmou o vizinho.

FonteCorreio