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23 November 2024
Uniforme passou a ser associado aos eleitores de Jair Bolsonaro

Copa do Catar: brasileiros resgatam o uso da amarelinha durante Mundial

Antes símbolo ligado somente ao futebol, a camisa do Brasil ganhou um significado político nos últimos anos e dividiu o povo brasileiro. Com a ascensão de Jair Bolsonaro na política nacional, chegando até à Presidência, o uniforme é usado por muitas pessoas como uma prova de ‘patriotismo’.

Com a tensão entre direita e esquerda, disputa entre o verde e amarelo contra o vermelho crescendo cada vez mais no país, principalmente em ano de eleição, naturalmente algumas pessoas resolveram usar a camisa com mais constância e outras deixaram o uniforme de lado, a depender de qual posição política elas defendem.

Em 2022 ainda teve uma ‘pimenta’ para esquentar essa discussão. Neymar, principal nome do Brasil, declarou apoio nas redes sociais a Bolsonaro nas eleições presidenciais desse ano. A postura, como não poderia deixar de ser em um país que elegeu Lula com a menor diferença de votos entre candidatos na história, foi de apoios e críticas.

Diante deste cenário, a Nike junto com outras patrocinadoras da CBF resolveram promover campanhas para afastar a imagem da camisa da Seleção a um partido, ou ideologia.

Entretanto, passada a eleição e com a Copa do Mundo do Catar já em curso, com o Brasil fazendo a sua estreia nesta quinta-feira (24), o Varela Net ouviu algumas pessoas que deixaram a amarelinha no período eleitoral e qual postura vão adotar nesse período de Copa.

A estudante de medicina Nathalie Nogueira espera que essa Copa possa mudar a forma com que a uniforme é visto. Entretanto, ela confirmou que não está tão animada como nos outros anos e ainda criticou o Catar, sede da competição.

“Acho que a Copa vem pra ressignificar o uso da camisa da seleção e trazer as cores da nossa bandeira de volta à população que ficou muito tempo sem direito de usar pra não ser confundido. Essa Copa tem muito mais coisa negativa que positiva, desde a escolha da sede até o número de mortos na preparação do evento. Isso acaba tirando o brilho do evento como um todo e eu estou menos animada que o habitual, mas certamente vou torcer pelo Brasil – que é maior que Neymar – e vou ficar muito feliz com o Hexa!”, afirmou.

Quem também vai voltar a usar a camisa do Brasil é o engenheiro Lucas Almeida. Ele destaca o momento de união que sempre viveu em mundiais, mas afirma que a vitória de Lula na eleição contribuiu para que pudesse voltar a usar a amarelinha.

“Estou torcendo pro Brasil nessa Copa, como todas as copas, sou muito ligado ao futebol e é um momento de união familiar e de estar com os amigos. Desde de 2018 que eu não usava a camisa do Brasil com o avanço da extrema direita no Brasil. Tanto que durante a pandemia eu acabei doando as camisas do Brasil que eu tinha, por sentir um pouco de repulsa pelo que o símbolo passou a ser associado. Mas com a chegada da Copa do Mundo, a vitória de Lula, e a disputa por símbolos nacionais, eu acabei repensando essa postura. Estamos tentando ressignificar esses símbolos e atribuir ele ao povo brasileiro e não a um governo”, afirmou ao Varela Net.

A jornalista Paola Pedro é mais uma que vai voltar a usar a camisa do Brasil, porém, só em dias de jogos da Seleção.

“Eu criei uma aversão por essa camisa… todo mundo que usava, na minha cabeça, era eleitor de Bolsonaro. Infelizmente, ainda não consegui desvincular essa imagem, mas vou usar durante a Copa do Mundo (apenas nos jogos do Brasil). Durante esses quatro anos realmente me privei da vestimenta e talvez volte a normalizar o uniforme – ou qualquer outra roupa – do Brasil no próximo ano, que corresponde ao governo Lula. Mas ainda prefiro me vestir predominantemente de azul e/ou branco”, relatou.

Foto: Arquivo/Agência Brasil