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29 November 2024

Corpo de policial militar morto a tiros na Federação é enterrado

Elias de Santana Souza, 47 anos, foi enterrado por amigos, familiares e colegas de trabalho; familiares e colegas de trabalho pedem justiça

Foi enterrado no final da tarde desta quarta-feira (20), no Cemitério Bosque da Paz, no bairro Nova Brasília, o corpo do cabo da PM Elias de Santana Souza, 47 anos, morto durante uma tentativa de assalto no bairro da Federação na noite da última terça-feira (19).

Amigos, familiares e colegas de trabalho do policial formaram o cortejo que seguiu até o túmulo onde ele foi pontualmente enterrado às 16h30.

Antes de ser sepultado, familiares e amigos do PM prestaram homenagens com orações e cânticos. Já no túmulo, Elias foi reverenciado por colegas de trabalho, que tocaram trombetas em sua homenagem. Uma longa salva de palmas sucedeu a homenagem dos policiais.

Inconformado com a morte, o auxiliar de produção Daniel de Santana Souza, 50, irmão da vítima, pediu justiça pela morte do irmão. “Estamos todos inconformados. Ele era um homem bom, que sempre ajudava todo mundo. Queremos que os responsáveis sejam punidos pelo que fizeram. Tiraram a vida de um pai de família. Queremos que a justiça seja feita”, cobrou.

Além de Daniel, irmãos de criação do PM também estiveram no evento. Dos 6 aos 28 anos, Elias morou na obra social Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima.  “A gente foi criada lá na Mansão. Ele sempre dizia que queria ser militar. Quando ele saiu de lá passou a morar em uma pousada até passar para o concurso da polícia”, disse o professor e irmão de criação do PM, Erasmo Carreira dos Santos. Elias era PM há 22 anos. Ele Morava no bairro São Marcus com a atual esposa e os 4 filhos.

Segundo o major Honorato Barbosa, diretor adjunto do Departamento de Promoção Social (DPS), Elias era uma profissional alegre e competente. Ainda de acordo com ele, o crime ocorreu poucas horas após ele deixar uma equipe de funcionários para atender um policial ferido.

“Ele era motorista da equipe de enfermeiros, médicos e psicólogos e também fazia a segurança desse. Nos vimos pouco tempo antes do crime. Ele deixou o pessoal no COT e foi na casa da ex-mulher buscar a quentinha, porque ainda não tinha almoçado”, disse. “Ele era um cara muito brincalhão e um profissional competente. O apelido dele lá no trabalho era ‘Me ajude’, porque ele sempre chegava na gente falando isso”, lembrou.

Sepultamento aconteceu nesta tarde (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

Revolta
Após o enterro, o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM), Roque Santos, disse a associação se posicionará contra a morte.

“Primeiro quero lamentar a morte de mais um companheiro, que foi brutal e covardemente assassinado. Essa violência que tem acontecido em todo o estado da Bahia, na capital, e dizer que nós vamos reagir a tudo isso, como nós estamos reagindo. Infelizmente, muitas vezes, estamos sendo obrigados até a usar a Lei de Talião. Todos esses marginais vão ser pegos e chamados atenção, tanto da sociedade quanto dos Direitos Humanos, quando dos policias, dos profissionais de segurança pública, que tem sido executado. Quando a polícia reagir não ser acusada de exterminadora. Quem está sendo exterminado são os policias que tem mantido a segurança pública desse estado”, disse.

Uma policial que não quis se identificar cobrou punição para os envolvidos na morte do PM Elias Santana.  “A gente espera punição. O fato de ser PM não significa que precisamos colocar nossa vida em risco, apesar do juramento. Toda vez que enterramos um colega pensamos que poderia ser a gente”, disse.

Procurada para comentar sobre a fala do presidente da APPM, a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia não respondeu os contatos até o fechamento desta matéria.

O Caso
O PM foi encontrar a ex-mulher, que mora na Rua Pedro Gama, na Federação, ela tinha preparado uma quentinha para ele levar para jantar. Ao estacionar, o PM fez uma ligação e foi abordado por três homens armados em um Corsa Classic branco. O trio anunciou o assalto e pediu para que o PM entregasse as chaves do carro dele, um Ford Fiesta.

Elias reagiu ao assalto e entrou em luta corporal com um dos bandidos, que atirou na vítima. A arma do criminoso teria falhado. Neste momento, um outro assaltante disparou e, segundo a Polícia Militar, trocou tiros com Elias. Ele foi atingido por cinco tiros, chegou a ser socorrido para os Hospital Geral do Estado (HGE) mas não resistiu aos ferimentos. Os suspeitos fugiram do local sem levar nada. Dois suspeitos de fazer parte da quadrilha que matou o PM foram presos.