Cremes dentais clareadores realmente funcionam
Apesar da vasta oferta de pastas dentais clareadoras no mercado, poucas são as informações encontradas sobre a eficácia destes produtos
As pastas dentais clareadoras realmente funcionam? Para responder a esta pergunta, é preciso falar sobre as fórmulas destes produtos. Em geral, os cremes dentais clareadores possuem diferentes mecanismos de ação: a maior parte das formulações conta com agentes abrasivos, como a sílica hidratada, por exemplo. Outras combinam estes agentes abrasivos com uma pequena concentração de peróxidos. Há ainda cremes mais recentes no mercado que agregam na fórmula o tripolifosfato de sódio.
Agentes abrasivos
Os agentes abrasivos, como a sílica hidratada, carbonato de cálcio, pirofosfato de cálcio, silicato de zircônio, entre outros, não atingem a estrutura interna do dente. Por isso, sua atuação é bastante superficial, surtindo efeito apenas em manchas causadas por pigmentos que ainda não impregnaram no dente. Seu efeito acaba sendo mais de polimento do que de clareamento exatamente. Um ponto bastante negativo é que os agentes abrasivos aumentam a hipersensibilidade e o desgaste da dentina, o que é especialmente prejudicial para quem já tem histórico de hipersensibilidade, mas algumas opções do mercado oferecem fórmulas com componentes que combatem este problema.
Peróxidos
Os peróxidos são potentes oxidantes e muito eficientes no clareamento dental, pois conseguem atingir a estrutura interna do dente e alterar a sua cor por meio da oxidação dos pigmentos. No entanto, este efeito só é obtido quando o produto está em alta concentração, o que é permitido apenas em consultório ou em tratamentos realizados com uso de moldeira e supervisão do dentista. Isso acontece porque é preciso proteger gengiva, tecidos moles, língua, bochechas e lábios dos efeitos colaterais do produto, algo que só é possível sob a supervisão de um profissional. A concentração de peróxidos contida nas pastas clareadoras é muito baixa para se obter qualquer resultado clínico significativo.
Tripolifosfato de sódio
Os cremes dentais com tripolifosfato de sódio chegaram ao mercado de pastas clareadoras recentemente. Assim como os agentes abrasivos, o tripolifostato de sódio tem atuação mais superficial por não atingir a estrutura interna do dente, mas tem a vantagem de agir por meio químico (e não mecânico), o que evita a hipersensibilidade dentinária. Apesar de sua atuação superficial, este agente tem um bom efeito preventivo em razão do seu mecanismo de ação. O manchamento dos dentes ocorre quando as moléculas formadoras de pigmentos (manchas) se ligam ao que chamamos de sítios receptores na película de saliva que fica sobre o dente. O tripolifostato compete com essas moléculas por espaço, ligando-se a esses sítios e impedindo que as moléculas formadoras de pigmentos se instalem.
Quando recorrer às pastas dentais clareadoras?
Estudos mostram que pastas dentais clareadoras não são capazes de produzir um clareamento dental significativo, por isso elas não substituem o clareamento profissional, feito em consultório ou com uso de moldeiras e supervisão do dentista. No entanto, como abordamos aqui, estes cremes dentais clareadores têm bom efeito preventivo e algum efeito em manchas superficiais causadas por pigmentos que ainda não impregnaram profundamente na estrutura dental. Por isso, seu uso é recomendado para prevenir e retardar o manchamento dos dentes e também para manter os resultados do clareamento dental profissional por mais tempo, já que se pode prevenir que novas moléculas formadoras de pigmentos impregnem nos dentes.
A utilização de pastas clareadoras é recomendada também para quem faz uso de antimicrobianos tópicos, como bochechos com soluções de clorexidina. Estas soluções têm como efeito colateral o manchamento superficial dos dentes, que pode ser prevenido e retardado por meio do mecanismo de ação das pastas clareadoras.
Para quem quer fazer uso dos cremes dentais clareadores com o objetivo de prevenir e retardar o manchamento dos dentes, o ideal é recorrer a pastas que contam com o tripolifosfato de sódio, que não é abrasivo e, portanto, causa menos hipersensibilidade.