Cresce pressão para que Arábia Saudita melhore segurança dos peregrinos
Irã, Indonésia e Nigéria culpam governo saudita pelo desastre que matou mais de 700 e criticam má organização do Hajj; Número de iranianos mortos sobe para 131
RIAD — A Arábia Saudita está sob crescente pressão para melhorar a segurança dos peregrinos na esteira da morte de pelo menos 717 pessoas em um tumulto perto de Meca durante o Hajj — uma das maiores congregações religiosas do mundo e um dos cinco pilares do islamismo.
As identidades e nacionalidades das vítimas ainda não foram anunciadas oficialmente, enquanto uma rápida investigação, ordenada pelo rei Salman, está em curso. Apesar da tragédia, os fiéis muçulmanos que participam da peregrinação anual à Meca retomaram nesta sexta-feira o ritual de apedrejamento simbólico de Satã.
Mais de 850 pessoas ficaram feridas em um tumulto ocorrido durante o apedrejamento na cidade de Mina. Foi o pior desastre durante o Hajj em 25 anos e o segundo acidente mortal envolvendo fiéis em Meca neste mês — há menos de duas semanas, mais de cem pessoas morreram após a queda de um guindaste na cidade santa.
Salman admitiu a necessidade de “melhorar o nível de organização e gestão do movimento dos peregrinos”, em meio à pressão de duas das nações islâmicas mais influentes, Irã e Indonésia.
A organização do Hajj no Irã disse que o número de iranianos mortos no tumulto subiu para 131, com 60 feridos. Segundo a agência de notícias Fars, Teerã convocou o chanceler saudita para apresentar uma queixa oficial sobre o desastre.
O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, culpou o governo saudita pela tragédia.
“O governo saudita deveria aceitar a sua responsabilidade neste incidente amargo. Não devemos esquecer que a má gestão e condutas inapropriadas causaram este desastre”, criticou Khamenei.
O presidente indonésio, Joko Widodo, que lidera o país muçulmano mais populoso do mundo, disse que “deve haver melhorias na gestão do Hajj para que este incidente não se repita”.
Já a Nigéria rejeitou observações do ministro da Saúde saudita culpando peregrinos por “não seguirem as instruções”.
Depois de passar a noite em Mina, uma das cidades dormitórios situadas a 5 km de Meca, os peregrinos se sucediam em uma longa fila nesta manhã para cumprir com o ritual, que consiste em jogar pedras contra três colunas que, segundo os muçulmanos, representam o demônio.
De acordo com uma fonte do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu perto de uma das colunas quando várias pessoas que deixavam o local ficaram diante de um grande grupo de peregrinos que desejava ter acesso à mesma área.