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27 November 2024
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Cruz das Almas: médicos ameaçam pedir demissão após decreto do prefeito

Os médicos lotados em unidades de atendimento de Saúde, em Cruz das Almas, Recôncavo baiano, ameaçam entregar um pedido de demissão coletiva na próxima quarta-feira (16), caso uma pauta com reivindicações apresentadas ao prefeito Ednaldo Ribeiro (PMDB) não seja atendida. Ao menos 20 profissionais estão dispostos a deixarem as funções.

A medida da categoria é um protesto ao decreto baixado pelo gestor na sexta-feira passada (6) determinando o corte de 20% dos salários de todo o funcionalismo municipal.

O chefe do Executivo local alega adequações ao índice de pessoal para fugir de uma possível reprovação do Tribunal de Contas dos Municípios, além de economia, conforme mostrou o Bocão News no último domingo (8). Segundo Ribeiro, a redução vale para os meses de novembro e dezembro.

Em assembleia na última segunda-feira (9), os médicos decidiram por rescindir os contratos de forma voluntária. A categoria alega estar sem reajuste há três anos, mas retirou da pauta o pleito por aumento de salários. Os profissionais pedem a manutenção dos ganhos atuais, além de melhores condições de trabalho, alimentação e segurança. A prefeitura sugeriu o reembolso, em duas parcelas, em 2016. Uma nova assembleia será realizada na próxima segunda-feira (16) para avaliar a contraproposta do Executivo.

Foto: Reprodução

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No cargo desde setembro, após a renúncia do ex-prefeito Raimundo Cavalcanti, Ribeiro engrossou o discurso contra os médicos, durante entrevista a uma rádio local na última terça-feira (10). “Se paralisarem, entra uma equipe médica nova no mesmo momento. Peço à população que fique tranquila porque temos um plano B e está tudo certinho para garantir o atendimento. O prefeito pode pagar o preço, mas a população não”, ressaltou.

Ribeiro disse, ainda, que é “prerrogativa do prefeito” reduzir ou reajustar salários de contratados. “Quem pode fazer protesto é funcionário efetivo. Posso desfazer qualquer contrato. Se o que o Município pode pagar, não querem contribuir, mesmo recebendo em dias, digam que não serve porque não tem problema nenhum”, emendou o gestor.

Expressivos

O prefeito ressaltou que há médicos recebendo valores expressivos em Cruz das Almas. “Uns ganham até R$ 40 mil. Vou cortar R$ 8 mil e estão reclamando. Estou com o coração cortado porque vou ter que cortar até de quem ganha salário mínimo. Eles (os médicos) deveriam ser solidários com esse momento que nós vive (sic) no nosso país. A redução é temporária para ajustar as contas da prefeitura”, reiterou Ribeiro. A reportagem entrou em contato com o gestor, mas ele não atendeu as ligações. A secretaria municipal de Saúde também foi procurada, mas não houve êxito.

Atendimento

Desde a assembleia dos médicos, os atendimentos com classificação de risco nas cores vermelha e amarela, estabelecida pelo Ministério da Saúde para casos de urgência e emergência, estão sendo redirecionados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para a rede de atenção básica, cuja assistência é prestada por Postos de Saúde da Família (PSF).

O diretor da UPA e do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) de Cruz das Almas, o médico Luiz Magalhães, assegurou ao Bocão News, nesta quinta-feira (12), que, apesar do redirecionamento da demanda, nenhum paciente tem deixado de ser atendido. “A UPA de Cruz das Almas chega a atender até 300 pessoas por dia. Em forma de protesto, casos como a troca de receitas, exames e dores lombares são encaminhados para outras unidades”, explicou.

Por Leo Barsan