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27 September 2024
Brasília(DF), 09/11/2015 - Reunião na casa oficial do governador com os deputados - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Delatores citam propina de R$ 200 mil para campanha de Rollemberg

O empresário Henrique Domingues Neto e o filho dele e ex-diretor do BRB, Henrique Leite, afirmam que valor foi cobrado por Ricardo Leal

Na delação feita ao Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Circus Maximus, que apura desvios no Banco de Brasília (BRB), o empresário Henrique Domingues Neto afirma ter pago propina de R$ 200 mil a Ricardo Leal. O valor, segundo Neto, seria destinado à campanha de Rodrigo Rollemberg (PSB) em 2014 e foi cobrado antes mesmo de o político ser eleito. As informações constam em documento homologado pela Justiça, ao qual o Metrópoles teve acesso

De acordo com o depoimento prestado ao MPF, Neto conta que Leal se apresentava como arrecadador de recursos de Rollemberg para a corrida eleitoral, e o valor cobrado também garantiria a permanência de seu filho, Henrique Leite Rodrigues, na diretoria da BRB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (BRB/DTVM). Ainda segundo Neto, a negociata ocorreu quando Rollemberg liderava as pesquisas de intenção de voto.

As declarações de Neto convergem com as do filho, que também firmou acordo de delação. No depoimento colhido pelos procuradores Frederico Siqueira Ferreira e Felipe Torres Vasconcelos, Henrique Leite afirma que, para a sua permanência no cargo o qual passou a ocupar em 2013 – ainda na gestão de Agnelo Queiroz (PT) –, ele e o pai teriam de desembolsar R$ 200 mil e repassar esse valor a Ricardo Leal. Após a eleição de Rollemberg, Leal se tornou conselheiro do BRB.

“Durante a eleição, o colaborador e seu pai combinaram com Ricardo Leal o pagamento de R$ 200 mil para a manutenção do cargo do colaborador, que essa conversa ocorreu no escritório de Ricardo Leal no Palácio do Rádio II”, consta na delação. Ainda segundo o documento, o ex-gestor soube “que o pagamento aconteceu, tanto que permaneceu no cargo”.

REPRODUÇÃO / MPFReprodução / MPFSalvar

REPRODUÇÃO/MPFReprodução/MPF

Henrique Domingues Neto conta aos procuradores da força-tarefa do MPF que as relações com o arrecadador de campanha de Rollemberg vinham de tempos anteriores. “Ricardo Leal é meu conhecido de longa data, entretanto, houve uma reaproximação na época em que meu filho Henrique era diretor da BRB/DTVM e Ricardo comandava a estrutura do BRB extraoficialmente”, disse.

“Destaco que, após a eleição de Rollemberg, Ricardo Leal indicou todos os diretores do BRB, sendo certo que, depois de empossados, se reportavam diretamente a Leal”, declarou Henrique Neto. Segundo ele, “Ricardo Leal, por ser ligado ao governador Rollemberg, pediu um auxílio de campanha. O pagamento era para permanência de Henrique Leite no novo governo, não havendo como confirmar que os valores fossem para o governador”, destacou.

Na prestação de contas das eleições de 2014 para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, o nome de Ricardo Leal não aparece como doador da campanha de Rodrigo Rollemberg. A reportagem também não encontrou qualquer tipo de doação declarada por Henrique Leite ou Henrique Neto.