Os jogadores brasileiros Dentinho, Alex Teixeira eDouglas Costa explicaram o porquê da não apresentação ao Shakhtar Donetsk, que vem causando polêmica nos últimos dias. Por meio de assessoria de imprensa, eles explicaram que a decisão foi tomada em comum acordo com seus familiares, por conta dos conflitos no país. O seu paradeiro, no entanto, segue não sendo revelado. Eles abandonaram a delegação quando voltavam de um amistoso na França, em conexão de voo na Suíça, antes de seguirem para a Ucrânia.
– Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer, com base nas notícias divulgadas na data de hoje (21 de julho), que em nenhum momento a nossa decisão em não nos apresentarmos, partiu de terceiros, procuradores, ou qualquer outra pessoa. Nossa decisão foi tomada em comum acordo exclusivamente com nossos familiares antes da nossa reunião em grupo com os brasileiros do time. Queremos esclarecer que não temos nenhum problema com o clube. Sempre nos apresentamos em outras temporadas, dentro das datas, respeitando rigorosamente o que havia sido combinado com os dirigentes. Porém, desta vez, em virtude dos conflitos no país, estamos com medo e não queremos colocar em risco a vida dos nossos familiares e as nossas também – disse Dentinho.
Alex Teixeira falou que não está pensando em liberação ou negociação, apesar das declarações do técnico da equipe de que eles estariam sendo enganados pelo empresário Kia Joorabchian.
– Neste momento, a maior preocupação que temos é com a segurança de todos nós e de nossas famílias. Respeito a decisão daqueles que resolveram se apresentar. Porém, nós procuramos os dirigentes e pedimos uma posição do clube. Já sabemos que o aeroporto de Donetsk está fechado. Demos a sugestão para treinarmos fora do país até tudo se acalmar. Primeiro a oferta do clube foi de morarmos em Carcóvia, algumas horas depois nos disseram que a decisão era a de mudarmos para Kiev. Isso, nos demonstrou muita insegurança com o planejamento. Onde iriam ficar nossas famílias, nossos filhos? – indagou.
O jogador Douglas Costa também se colocou à disposição para treinar em qualquer localidade em que não haja conflito, para depois retornar ao Shakhtar, quando a situação se normalizar na região.
– Quero esclarecer que não estou abandonando o clube. Estou com medo. Tudo o que a gente lê, vê ou ouve é de que a situação no país é bastante complicada. Não sabemos em quais condições podemos treinar e muito menos onde jogar. Para jogar precisamos viajar. Como vai ser nossa segurança? Não tenho nenhum problema no Shakhtar. Gosto do clube, das pessoas, da cidade, mas estou com medo de outras situações de conflito e eventualmente numa viagem, quando nos separarmos de nossos familiares, que aconteça algo pior. Lamento que tudo isso esteja acontecendo. Porém, neste momento, todos nós corremos risco de vida se estivermos na região. Conversamos com os dirigentes e nos propusemos a permanecer na Suíça para treinarmos enquanto essa situação seja resolvida. Queremos permanecer no clube só que precisamos ter uma condição de trabalho sem correr riscos – desabafou.
De acordo com Dentinho, o momento é de cada jogador definir o que é o melhor para seu futuro.
– É uma decisão individual. Como chefe de família penso em minha esposa e filhos e por dinheiro nenhum do mundo vou arriscar a vida deles. Só quero que o clube entenda que pretendo trabalhar, pretendo jogar, mas não posso permitir que as pessoas que tanto amo corram qualquer risco. Espero que a decisão do clube vá na direção da melhor solução. Temos lido que as Embaixadas dos Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e também a do Brasil tem recomendado que as pessoas não viagem para a região. A pergunta que eu faço é: Você mandaria seu filho neste momento para lá? – questionou o brasileiro.
Donetsk, cidade do Shakhtar, é uma das mais afetadas da Ucrânia com a crise no país. O avião da Malaysia Airlines que foi abatido caiu justamente na região.