Dilma diz que não teria como saber sobre corrupção por ser feita às escuras
A exemplo do que fez nesta segunda-feira com jornalistas brasileiros, Dilma recebeu correspondentes internacionais no Palácio do Planalto nesta terça-feira. Ao ser perguntada se ela não sabia da corrupção em seu partido e na Petrobras, ela afirmou que não tinha conhecimento dos malfeitos porque a corrupção é, por natureza, feita “às escuras”, e que medidas tomadas pelo seu governo e de Lula são as causas das investigações atuais.
“Você me pergunta uma coisa interessante. Você me pergunta se eu não sabia. Tão perto e não sabia. Foi preciso a delação premiada, foi preciso o reconhecimento da independência dos procuradores, do Ministério Público, uma atitude em relação à Polícia Federal. Foi preciso um conjunto de leis para que isso fosse descoberto. Agora, o que é próprio da corrupção: ser feito às escuras. Ser escondido. Ela tem que ser investigada”, alegou.
A presidente também disse que “ainda tem muita coisa que não se sabe” na política brasileira, referindo-se ainda às práticas de corrupção. Ao mencionar diretamente a Operação Lava-Jato, ela disse não acreditar que as ilegalidades investigadas sejam isoladas, “um raio em céu aberto”: “Não acredito que a Lava-Jato é um raio em céu aberto. Hoje eu não acredito. Antes estava tudo debaixo do tapete. Ainda tem muita coisa que não se sabe. Não vamos acreditar que está tudo escancarado, não é?”.
Na coletiva de mais de uma hora, a presidente afirmou ainda que o Brasil tem um “veio golpista” e que o processo de impeachment no Congresso Nacional após a redemocratização do país é uma possibilidade “nunca afastada”. Foram concedidas seis perguntas aos repórteres, mas nesta terça-feira a presidente falou mais que o dobro do tempo antes de iniciar a entrevista. Dilma dispensou uma longa parte de sua fala detalhando e defendendo por que é inocente.
– O Brasil tem um veio que é adormecido. Um veio golpista adormecido. Se acompanharmos a trajetória dos presidentes no meu país, no regime presidencialista, a partir de Getúlio Vargas, vamos ver que o impeachment, sistematicamente, se tornou um instrumento contra os presidentes eleitos. Eu tenho certeza de que não houve um único presidente depois da redemocratização do país que não tenha tido processos de impedimento no Congresso Nacional. Todos tiveram. Todos – enfatizou, ao citar indiretamente os processos movidos contra os ex-presidentes Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, ambos liderados pelo seu partido, o PT.