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28 September 2024

Disputa por redutos eleitorais está por trás de possível envolvimento de Brazão na morte de Marielle, diz relatório da PF

RIO – A disputa por pontos políticos estaria por trás da suspeita de um possível envolvimento do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) afastado, Domingos Inácio Brazão , no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018. A informação consta do relatório sigiloso de 600 páginas em que se baseia o inquérito da Polícia Federal que apura a obstrução à investigação dos homicídios e no qual Brazão aparece como “o principal suspeito de ser o autor intelectual” do crime.

 

Apesar de o sargento da PM e miliciano Rodrigo Jorge Ferreira dizer em depoimento à polícia que havia interesse do vereador Marcello Siciliano (PHS-RJ) no assassinato da vereadora por conta de uma possível guerra política entre os dois, investigadores da PF constataram a inexistência de tal disputa. Ao analisarem o mapa eleitoral das localidades onde ambos tinham mais votos, eles perceberam que os dois políticos concorriam, em diferentes pontos, com a família Brazão.

Relatório reúne trocas de mensagens

No relatório, essa disputa é a pincipal informação que leva Brazão para o caso Marielle, além de uma ligação, não comprovada, entre o delegado da PF Hélio Khristian – que levou Ferreira para na Delegacia de Homicídios da Capital (DH) – e o conselheiro afastado. O documento revela ainda que o nome de Brazão aparece numa troca de mensagens entre Ferreira e sua advogada Camila Moreira. A dupla teria engendrado uma trama para apontar o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, além de Siciliano, como autores do assassinato. Numa das conversas gravadas pela PF com autorização judicial, Ferreira afirma à Camila que Hélio (Khristian) é “miliciano do colarinho branco ligado a Brazão”.