Documentário de Asif Kapadia sobre Amy Winehouse emociona
Amy é a história da gloriosa ascensão e queda de uma referência do soul e do R&B contemporâneos, vítima do seu carisma e das suas paixões. Depois do enorme sucesso de bilheteria da história de Ayrton Senna – que lhe valeu o BAFTA 2012 de melhor documentário -, o cineasta Asif Kapadia se serve de filmagens reais para narrar o caso comovente da inglesa Amy Winehouse (1983-2011).
A artista vivia para aquilo que a reanimava do seu recorrente estado depressivo – e foi aí, desde cedo, que a música apareceu. Tudo o que escrevia e cantava era uma reprodução das suas ideias, do seu estado de espírito e das suas perspectivas. Aos 18 anos, Amy Winehouse não acreditava que algum dia viesse a ser famosa, pois a sua música “é demasiado específica”.
De alguma forma, pela maneira como cantava, Amy convenceu os admiradores de que sua música era o seu reflexo – e o ótimo documentário confirma isso, do modo mais duro possível. O seu último single, Love is a Losing Game (2007), soava como um lamento quando foi lançado, devido ao fracasso (antecipado) da sua relação com Blake Fiedler. No entanto, depois de vermos o documentário, é quase impossível não olharmos para a composição como um réquiem, um cântico fúnebre sobre as paixões – incluindo, as destruidoras – da cantora.
Amy Jade Winehouse era apaixonada por um pai mais ambicioso do que atencioso (essa visão do diretor Kapadia desagradou à família da cantora), pelo marido loser Blake Fiedler (que a introduziu ao mundo da heroína) e pela música.
Todos estes elementos contribuíram, de alguma maneira, para o agravamento da condição psicológica – e depois física – de Amy Winehouse que, além de dependente de álcool e das drogas mais pesadas, sofria de bulimia desde a adolescência.
Amy ainda longe do estrelato que a tornou uma das maiores cantoras do soul e do R&B (foto/divulgação) |
A explosão da fama não ajudou esse quadro. De um dia para outro, havia muito mais gente interessada em sua voz, mas também na sua imagem, na sua personalidade e nos seus hábitos. O filme mostra bem a Amy Winehouse antes e depois da fama.
Ainda que predomine um tom sombrio e pesado durante grande parte do documentário, Kapadia não deixa de incluir alguns bons momentos da vida da cantora. Desde o surgimento de Amy à sua voz imperial, passando pelo dueto com Tony Bennett e pelo sorriso sincero de uma adolescente que não acreditava que um dia seria famosa.