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5 October 2024
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Dólar despenca 2,2% e vale a R$ 3,80, menor patamar em 3 meses

Queda da moeda foi guiada pela suposta elação premiada do senador Delcídio do Amaral

O dólar fechou em queda de mais de 2% e voltou à casa dos R$ 3,80 nesta quinta-feira (3), menor patamar em quase três meses, reagindo à notícia de suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na operação Lava Jato envolvendo a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O dólar recuou 2,20%, a R$ 3,8022 na venda, após atingir R$ 3,7767 na mínima da sessão.

Trata-se do menor nível de fechamento desde 10 de dezembro, quando a moeda norte-americana ficou em R$ 3,8005. Nas últimas três sessões, a divisa acumulou queda de 5,03%.

Nesta manhã, o Banco Central fará mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril, que equivalem a US$ 10,092 bilhões, com oferta de até 9.600 contratos.

“Se a Lava Jato chegar no Lula, é praticamente certo que o PT não volta ao governo nem em 2018 e isso significa que aumenta a chance de mudança no governo”, disse o operador de um banco internacional.

Outro foco importante foi a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de acatar por unanimidade denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que passa a ser réu em processo ligado à operação Lava Jato.

Operadores ressaltam que o acirramento das tensões com Cunha pode levá-lo a reagir com ataques ao governo. Por outro lado, eventual cassação do mandato do deputado pode arrefecer as tensões entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

Alguns analistas ponderaram que as turbulências políticas podem prejudicar ainda mais a situação brasileira e os movimentos do mercado podem estar sendo exagerados.

“[A notícia sobre Delcídio] prejudica ainda mais a atual governabilidade e pode adiar os ajustes fiscais necessários”, escreveram analistas do banco JPMorgan em nota a clientes.

A queda do dólar nesta sessão veio também da percepção de que o Banco Central não deve cortar os juros tão cedo, após o Copom (Comitê de Política Monetária) manter a Selic em 14,25% em decisão dividida na noite passada.

A manutenção de juros elevados sustentaria a atratividade de ativos brasileiros, possivelmente atraindo capitais para o país.

Segundo pesquisa da Reuters, a alta recente do dólar frente ao real parece estar perdendo força em meio às promessas de mais estímulo monetário pelos bancos centrais e sinais de estabilização nos mercados de commodities. Analistas esperam que o dólar seja cotado a R$ 4,015 em um mês, R$ 4,16 em seis meses e R$ 4,25 em 12 meses.

Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril, vendendo a oferta total de 9.600 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 1,402 bilhão, ou cerca de 14% do lote total, que equivale a US$ 10,092 bilhões.