jul 24, 2015
Em 10 anos, Samu realizou mais de 4,5 milhões de atendimentos
Com dez anos em atividade, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 já realizou mais de 4,5 milhões de atendimentos, sendo 1,5 milhão de forma presencial e o restante via telefone, tirando dúvidas e prestando esclarecimentos. Além disso, o serviço tem atuado com eficácia em grandes eventos, sejam esporádicos, como a Copa do Mundo de 2014, ou tradicionais, como o Carnaval de Salvador. O Samu age ainda como agente organizador da própria rede de assistência na capital baiana e na Região Metropolitana de Salvador, direcionando as pessoas atendidas para as unidades hospitalares onde existam vagas disponíveis para cada modalidade, conforme a necessidade dos pacientes.
O serviço conta com a atuação de cerca de mil funcionários, entre médicos – de regulação e de campo -, enfermeiros, técnicos de enfermagem, telefonistas, assistentes administrativos e condutores. Na capital baiana, o Samu dispõe de 13 bases descentralizadas nos bairros do Cabula, Cajazeiras, Bonfim, Pau Miúdo, Canela, Boca do Rio, Itapuã, Valéria, Brotas, e nas avenidas San Martin e Paralela. Por ser um serviço de origem federal, o sistema conta ainda com outras unidades presentes nos municípios de Itaparica, Vera Cruz, Simões Filho, Candeias, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Santo Amaro, Saubara e Lauro de Freitas. Atualmente, o Samu possui 41 ambulâncias na capital e 15 na Região Metropolitana.
De acordo com o coordenador do Samu de Salvador, o médico Ivan Paiva Filho, a implantação e manutenção do serviço na capital baiana significou um ganho de qualidade e proporcionou relevante modificação na prestação de atendimento na cidade ao longo desta década. “Antes do Samu, o atendimento em urgência e emergência era complicado. Claro que ainda há a necessidade de uma ampliação, mas houve um ganho real de qualidade. O que peca ainda, infelizmente, é a rede assistencial, que ainda deixa a desejar. Muitas vezes colocamos o paciente em uma ambulância, mas não temos onde deixá-lo, seja por falta de leitos, ou devido ao volume de atendimento destes locais. O Samu, em sua essência, é um serviço de emergência. Nossa atuação é no atendimento àquelas pessoas que necessitam da ação imediata e que não dispõem de serviço médico qualificado naquele momento em que sofreu um infarto, um acidente vascular cerebral (AVC), enfim, quando há vidas em risco”, explica.
O coordenador destacou ainda a importância da assistência do Samu 192 em casos emblemáticos ocorridos neste período, como uma cirurgia seguida do resgate de um jovem que agonizava sob os escombros de um imóvel que desabou na região da Conceição da Praia, quando foi necessária a amputação de um dos membros do jovem para que este fosse retirado das ruínas com vida após 20h de agonia. Outro episódio marcante para o gestor foi o socorro prestado a 26 vítimas de um naufrágio de um catamarã que seguia para Morro de São Paulo, em 2006, quando todos os ocupantes foram atendidos e retornaram à terra com vida. Em 2015, o serviço foi de extrema importância ainda no apoio às ações da Prefeitura em virtude dos desabamentos decorrentes das chuvas.
Trotes telefônicos – Um dos grandes entraves à velocidade no atendimento do Samu é, ainda de acordo com Ivan Paiva, o excesso de ligações maliciosas – os chamados trotes -, que desviam a atenção dos atendentes, e o posterior envio da ambulância para um caso inexistente, quando podiam estar prestando socorro a quem realmente necessita do serviço. “Isso aumentou ainda mais com o barateamento do custo dos celulares. Com isso, cresceu bastante o número de trotes passados por crianças. Sabemos que o uso do aparelho por eles é também uma questão de segurança, mas é preciso ter a consciência de que o serviço prestado pelo Samu é de extrema importância e que uma ligação errada feita por uma brincadeira impede que vidas sejam salvas”.
Por conta desse tipo de situação e buscando conscientizar crianças e adolescentes sobre a importância do Samu, além de capacitá-los para manobras de suporte básico de vida, foi desenvolvido o programa “Samu nas Escolas”. A equipe trabalha com a conscientização de estudantes, destacando a importância do serviço para a sociedade e os riscos que os trotes oferecem, como a saída de ambulâncias para chamadas falsas enquanto outros pacientes em estado grave realmente estão necessitando do atendimento de urgência.
Dentre os assuntos abordados, os alunos aprendem na prática manobras de ressuscitação Cardiopulmonar (RCP). Cada participante recebe um boneco e são instruídos como proceder ao encontrar uma pessoa desmaiada. Uma pessoa inconsciente a partir do quarto minuto inicia uma lesão cerebral, sem tratamento em 10 minutos vem a falecer. Por isso, é importante que o maior número de pessoas saiba fazer o RCP corretamente. Os alunos acabam se tornando multiplicadores no atendimento emergencial a uma vítima de parada cardiorrespiratória.
Outro importante programa desenvolvido pelo Samu ao longo desta década é o “Projeto Viva Coração”, que tem por objetivo garantir um primeiro socorro em casos de vítimas de paradas cardíacas ou arritmia severa em pontos de grande circulação da cidade como estações de transbordo e instituições públicas. Para isso, são instalados nesses locais Desfibriladores Externos Automáticos (DEA) e feito o treinamento de profissionais ou pessoas interessadas. Durante o curso, é apresentado um conjunto de ações que devem ser realizadas, com o objetivo de manter as funções vitais da vítima, em especial para sustentar a oxigenação e perfusão de órgãos vitais.
Já contam com desfibriladores, as ambulâncias de suporte básico do Samu, Motolâncias, Estação da Lapa, Estação Pirajá, Estação Mussurunga, Estação Iguatemi, Estação da Calçada, Ministério Público da Bahia, Fórum Ruy Barbosa, USF Arenoso, Mercado Modelo, Secretaria Municipal da Saúde, e na sede do serviço, no Pau Miúdo.