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29 November 2024

Em 5 meses, Salvador registra 193 vítimas em acidentes de ônibus

Dados são da Transalvador; março teve maior número de vítimas este ano.

Acidentes são mais comuns em avenidas como suburbana, ACM e Paralela.

Nos cinco primeiros meses deste ano, houve aumento do número de mortos e feridos vítimas de acidentes que envolveram ônibus do transporte público de Salvador. Os dados são da Transalvador e foram comparados com os coletados no mesmo período de 2015. Até maio deste ano, o órgão de trânsito registrou 193 vítimas de acidentes com coletivos – 26 a mais do que em 2016, incluindo três mortes. No ano passado, foram 167 feridos, sendo cinco mortos. A frota de ônibus na capital baiana é composta por 2.622 veículos, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob).

Apesar do aumento no número de mortos e feridos, houve redução no número de acidentes. De acordo com o órgão de trânsito, a queda foi de 234 acidentes com coletivos na capital, comparado ao mesmo período de 2015.Em 2016, foram registrados 601 acidentes. No ano passado, foram 835.

Ainda conforme os registros da Transalvador, dos cinco mortos até abril deste ano dois eram motociclistas, um pedestre, e um passageiro. Entre os acidentes envolvendo ônibus na capital baiana, está o que feriu gravemente um rodoviário, ocorrido na Avenida Vasco da Gama. O motorista do coletivo teve a perna amputada.

O último acidente grave registrado com ônibus em Salvador aconteceu no dia 7 de junho. Um coletivo bateu em ponto de passageiros na Estação da Lapa e cerca de seis pessoas ficaram feridas.

Durante todo o ano de 2015, a maior parte das vítimas de acidentes envolvendo ônibus foi de passageiros (315), em seguida os pedestres (71) e motociclistas (51). Nos primeiros cinco meses de 2016, os registros são semelhantes: 119 passageiros, 28 pedestres e 28 motociclistas.

Conforme os dados de 2015, as avenidas Afrânio Peixoto, mais conhecida como Suburbana, ACM e Paralela concentraram a maioria dos acidentes, foram 109, 92 e 76 casos, respectivamente. Neste início de 2016, as mesmas vias lideram no mesmo tipo de ocorrência, com 26, 35 e 40 registros.

egistros.

Ano 2015 Nº  de acidentes Nº  de vítimas
Jan 199 35
Fev 126 21
Mar 232 40
Abr 142 39
Maio 136 32

Para o engenheiro Elmo Felzemburg, especialista em trânsito e transporte e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), os pedestres, motociclistas e ciclistas são mais vulneráveis no tráfego, pois não há boas condições de segurança no tráfego da cidade.

Entre as medidas que podem reduzir acidentes envolvendo ônibus, o engenheiro sugere mobilizar também a sociedade sobre os perigos do trânsito.

“Precisamos de mais prioridade para o pedestre circular com segurança, propiciando prioridade de tratamento de pedestres nos esquemas de tráfego. Uma maior mobilização da sociedade sobre os perigos do trânsito, através de uma campanha contínua de educação de trânsito”, disse.

Além da conscientização dos pedestres, o especialista ressalta a importância de mobilizar também os condutores do transporte coletivo. “Os motoristas de ônibus precisam de treinamento intensivo para que tomem mais consciência no respeito as leis e regras de trânsito, pois atualmente muitos deles invadem sinais vermelhos, param fora do ponto e cometem outras irregularidades que contribuem para um trânsito mais agressivo. O mesmo se aplica aos motociclistas”, explica.

Ano 2016 Nº  de acidentes Nº  de vítimas
Jan 159 38
Fev 114 29
Mar 110 83
Abr 91 14
Maio 127 29

O assessor de relações sindicais do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros da capital (Setps), Jorge Castro, explica que as empresas já fazem o trabalho de conscientização no trânsito para os motoristas dos coletivos.

“A gente trabalha com conscientização da responsabilidade no trânsito e direção defensiva. Quando tem acidentes é feita investigação e se ele [o rodoviário] for reponsável pode até ser demitido, mas isso quem decide é a empresa, pois o sindicato das empresas representa elas em um setor externo, e não pode intervir na relação de trabalho. Quando ele [o rodoviário] é vítima a gente dá proteção jurídica e psicológica”, disse Castro.

Ainda conforme Castro, de todos acidentes envolvendo ônibus registrados em Salvador não há como detalhar em quais os motoristas foram os responsáveis pelo ocorrido. Isso acontece porque alguns casos já foram avaliados e encerrados – o sindicato não tem acesso à decisão -, e outros ainda estão em análise.

Por meio de nota, a Semob informou que a capital baiana possui o Centro de Controle Operacional (CCO) do transporte público, que permite o monitoramento em tempo real de todos os ônibus de Salvador, através de GPS. No caso de alguma ocorrência com um dos coletivos, os fiscais da prefeitura que atuam no CCO podem identificar os acidentes ou demais ocorrências e fazer o registro.

Outra ação realizada pela secretaria, com o objetivo de ajudar na comunicação entre a população e a prefeitura, é um aplicativo que permite aos passageiros conferir quais são os ônibus e as linhas que passam em determinado ponto. Além disso, a população pode informar situações ocorridas envolvendo os coletivos, como desvio de itinerário, veículo que não parou no ponto, limpeza, avaliação dos motoristas, algum incidente grave, entre outros.

Acidente entre dois ônibus no bairro de Piatã, em Salvador (Foto: Marcelo Góes/Arquivo Pessoal)Acidente entre dois ônibus no bairro de Piatã,
em Salvador (Foto: Marcelo Góes/Arquivo Pessoal)

Motoristas, acidentes e segurança
De acordo com Daniel Mota, diretor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários, eles acompanham os casos de acidentes para que tenham um posicionamento sobre o caso, independentemente do rodoviário ser vítima ou responsável pela situação.

“Na maior parte das vezes os advogados do sindicato acompanham o processo. Da nossa parte, a gente acompanha o disco de velocidade e fica sabendo se houve algum ato irregular”, disse.

Mota destacou ainda a falta de segurança em Salvador, que, para ele, prejudica o desempenho do trabalho do motorista.

“Na verdade, o que a gente pode avaliar é que o motorista é vítima de uma série de fatores, e o pior deles é a violência urbana. Os rodoviários já andam em pânico. É assustador ver vidas serem ceifadas na frente deles, dirigir um ônibus e ser vítima de assalto. A violência abala. A mobilidade urbana na cidade é tensa, o estresse de ficar horas em congestionamentos, principalmente nas horas de pico, e ainda há os acidentes que podem ser mecânicos ou de falha humana. O sindicato dá apoio na medida do possível, já o psicólogo é de responsabilidade das empresas”, disse Mota.

O assalto a coletivo é o segundo tipo de crime mais frequente em Salvador, atrás somente do roubo de veículos. De janeiro até maio, 865 casos foram registrados na capital baiana. No ano passado, foram  2.560. A maior parte dos assaltos aconteceu pela manhã, quando é grande o movimento de pessoas que seguem para o trabalho.

Os crimes foram registrados em várias partes da cidade, mas nas grandes avenidas, como a Centenário, Ogunjá, Bonocô e Paralela, além das vias principais do bairro de São Cristóvão, a frequência é maior.

Poste atingido acabou caindo na via em Salvador (Foto: Giana Mattiazzi/ Tv Bahia)Acidente na Vasco da Gama, onde motorista teve
perna amputada (Foto: Giana Mattiazzi/ Tv Bahia)

Casos em 2016
Um dos acidentes com ônibus mais graves registrados em Salvador neste ano, ocorreu na Avenida Vasco da Gama, em março, mês que teve o maior número de feridos até agora. Foram 83 vítimas em 110 acidentes.

O motorista do coletivo envolvido no acidente na Vasco precisou amputar a perna para ser retirado das ferragens. O G1 tentou contato com a família do condutor do veículo, mas não conseguiu.

O motorista do ônibus, Genilton Santos, só foi retirado do veículo quase quatro após o acidente. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas. Duas semanas após o acidente, ele falou sobre o caso e disse que bateu em um poste após ser fechado por um caminhão. O condutor relatou que a única saída que teve para não bater no veículo foi desviar. A situação, segundo o Sindicato dos Rodoviários e o Setps, as avaliações feitas pelos dois sindicatos mostram que a batida aconteceu conforme relato do motorista.

Uma semana antes do acidente na Vasco da Gama, houve uma batida na Avenida Tancredo Neves, entre dois ônibus e um carro que deixou ao menos 17 pessoas feridas.

No dia 26 de março, dois ônibus colidiram no Largo dos Mares, na Cidade Baixa. Ao menos nove pessoas ficaram feridas e os veículos com as frentes destruídas por conta da batida.

Pelo menos 21 pessoas ficaram feridas após a batida, também entre dois ônibus, na Avenida Octávio Mangabeira, no trecho do bairro de Piatã. O caso aconteceu no dia 3 de maio.