Em plena pandemia, Governo da Bahia autorizou 34 mil hectares; a maioria para o agronegócio
Um levantamento feito pela Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR) da Bahia junto a dados oficiais do governo do Estado mostrou que o governo baiano autorizou, durante a pandemia de Covid-19 – ou seja, do dia 20 de março até o dia 26 de junho -, o desmatamento de 34.307,712 hectares no estado.
Deste total, 76,70% (26.315,2478 ha) do desmatamento foi para o agronegócio, sendo que 22.831,7671 ha havia vegetação nativa do cerrado.
As áreas onde o desmatamento foi autorizado pelo governo estadual são tradicionalmente ocupadas por povos e comunidades que dependem diretamente do cerrado para a sua própria existência, segundo a AATR.
“A cultura do uso das terras coletivas, das soltas, das largas – hoje fecho, fundo de pasto – vêm sofrendo grandes ameaças. Nós temos essa tradição do uso dos vales, todos eles têm as partes agricultáveis embaixo e os chapadões em cima, áreas de recarga que eram usadas antigamente para o pastoreio do gado, mas perdemos a maioria delas. É um modo de vida atacado pelos grandes projetos, como a monocultura do eucalipto, soja e pecuária. Muitos pagaram com a vida por resistir a esse modelo devastador”, disse Jamilton Magalhães, do Coletivo de Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto do Oeste da Bahia.
De acordo com o levantamento, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão estadual, emitiu 150 licenças para supressão de desmatamento neste mesmo período, sendo que 55 (36,66%) foram voltadas para o agronegócio.
As indústrias, incluindo a indústria química e petrolífera, receberam 28 autorizações (18,66%), seguidas pela exploração mineral com 23 (15,33%) e o turismo com 10 (6,66%).