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29 November 2024

Empresário que pediu reabertura de lojas nega envolvimento em esquema de pirâmide

Após ter seu nome vinculado a um esquema de pirâmide financeira, o empresário Adelmo Silva Filho, proprietário da loja Mr. Frozen, nega qualquer envolvimento com a fraude que gerou prejuízo estimado em R$ 1 bilhão aos investidores. A associação do lojista com o caso, ocorrido há quase 15 anos, ganhou força nesta terça-feira (14) depois da repercussão do vídeo em que ele pede a reabertura dos shoppings ao prefeito ACM Neto, na manhã de segunda (13) (lembre aqui).

“Isso daí é uma coisa absurda. Eu já soube agora por outro jornalista que foram consultados pra divulgar uma nota contra mim, pra desacreditar o movimento. Eu não tenho nenhum cunho político, eu não integro nem integrarei nada que seja ilegal”, rechaça.

O Bahia Notícias procurou o processo em questão na Justiça Federal, mas não encontrou o nome de Silva Filho entre os réus nem citações sobre seu envolvimento no crime. O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra Jerson Maciel da Silva, Jerson Maciel da Silva Junior, Emerson Ramos Correia e Patricia Aurea Maciel da Silva, diretores da empresa Avestruz Master, cuja filial baiana era gerida por Silva Filho. A empresa está no centro de um esquema de pirâmide financeira que teria lesado cerca de 50 mil pessoas com a promessa de altos lucros a partir da criação de avestruz.

De acordo com o órgão de investigação, os diretores foram denunciados em março de 2006 e condenados em primeira instância em janeiro de 2010 a mais de 38 anos de prisão. Com o recurso, Correia e Patricia foram condenados a seis anos de reclusão e Maciel Junior a cinco anos, os três podendo cumprir suas penas em regime semiaberto.

Enquanto os dois primeiros foram presos em Salvador no ano passado, Maciel Junior foi detido em Goiânia. Já o pai dele e de Patricia, também acusado, faleceu ainda em 2008, vítima de um câncer no fígado. Na época, ele cumpria prisão domiciliar no âmbito do processo da fraude.

ADELMO E A AVESTRUZ

Ao reforçar que nunca teve participação no esquema criminoso, Silva Filho alega que levou apenas 11 meses no comando da filial baiana e que, mesmo antes do processo e da falência, já tinha intenção de deixar o negócio. “Nunca fui chamado pra depor, nada”, afirma. “Inclusive, eu entrei com um processo contra essa empresa em 2006”, acrescenta. Ele adianta que está em contato com seu advogado para alinhar um posicionamento diante das associações feitas entre ele e o esquema fraudulento.

CRÍTICAS À PREFEITURA

O empresário gerou muita comoção por sua postura diante do prefeito ACM Neto (DEM), já que representou a categoria de lojistas que esperam a reabertura do comércio. Mas, antes disso, ele vinha fazendo duras críticas ao democrata em suas redes sociais. Durante a captura de imagem feita de uma entrevista do prefeito à CNN Brasil, no domingo (12), Silva Filho chegou a chamá-lo de “cara de pau”. “Quando lhe perguntarem o significado de cinismo, mostrem esse vídeo…”, postou no Instagram.

Ao BN, o empresário reiterou que as críticas não eram apenas dele, mas de “todos os lojistas”, insatisfeitos com a falta de definição das coisas. “Mas depois da conversa de ontem, que foi muito boa, a gente decidiu não fazer um novo movimento e aguardar”, revelou.

No encontro com Neto e também com o vice-prefeito Bruno Reis (DEM), ele disse que o gestor “tem um coração bom”, é “de família boa” e avaliou que “Salvador está bem por fruto do trabalho” da prefeitura.

Conforme anunciado na semana passada, shoppings, grandes lojas, templos religiosos e drive-in poderão funcionar na primeira fase do plano de reabertura. Mas essa etapa só será acionada após estabilização mínima de cinco dias da taxa de ocupação dos leitos de UTI em até 75%. De acordo com Neto, a estimativa é de que o sistema público de saúde voltado para a Covid-19 alcance a marca na próxima segunda-feira (20)