Enem: 40 erros de Português para não cometer mais
RIO — Muitas pessoas sentem dificuldade com Português. A língua é bem complexa e tem várias regras que muitas vezes são difíceis de serem entendidas e colocadas em prática no dia a dia. Além disso, há também as exceções, o que torna tudo ainda mais complicado.
No entanto, aprimorar o Português não é algo impossível de ser feito — nem precisa ser visto como chato.
Reunimos aqui 40 erros comuns no dia a dia para você não cometê-los mais. Participaram da elaboração deste material: Andréa de Luca, orientadora educacional do Mopi e formada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela UFRJ; Antônio Abreu, professor de Português do colégio e curso ZeroHum; Tássio Leonardo, professor de Língua Portuguesa e Literaturas e coordenador pedagógico das unidades Barra e Recreio do Colégio e Curso AZ; Hugo Ornellas, professor de Português do Colégio e Curso AZ; Victor Delmas, professor de Português do Colégio e Curso AZ.
40 erros comuns
1 – Ah x Há x a
“Ah” é uma interjeição que indica admiração, espanto, ironia, desejo, entre outros significados.
Ex: Ah, que bom falar com você de novo!
“Há” vem do verbo HAVER, tem o sentido de existir e indica tempo passado.
Ex: Há quanto tempo não nos vemos!
Obs: Tem sido muito comum, na escrita das redes sociais, o uso incorreto de “há, tá” no sentido de “entendi”. O correto seria “ah, tá”.
“A” é preposição e pode ser usada para distância (temporal ou espacial)
Ex: Chego daqui a cinco minutos.
O restaurante fica a 500 metros.
2 – Sob x Sobre
“Sob” é uma preposição e indica posição abaixo.
Ex: Achei o copo sob a mesa. (embaixo da mesa)
“Sobre” também é uma preposição e indica “acima de” ou “em cima de”.
Ex: Por favor, coloque o vaso de flores sobre a mesa.
3 – Meio x Meia
“Meio” é a expressão empregada no sentido de “um pouco”.
Ex: Ela estava meio triste ontem, não achou?
“Meia” pode ter o significado de peça de roupa (meia que se coloca no pé) ou numeral.
Ex: Sou friorenta e gosto de usar meias para dormir.
Ex: O encontro está marcado para meio-dia e meia. (metade da hora)
4 – Vir x Vim
Usamos “vim” quando a frase se refere ao passado.
Ex: Eu vim aqui ano passado.
Usamos “vir” quando a frase não estiver no passado.
Ex: Sabe me dizer se ele vai vir hoje?
Obs: “vir” ainda pode ser usado no sentido de ver!
Ex: Quando você vir a professora, diga que estou finalizando o trabalho. (Certo)
Quando você ver a professora, diga que estou finalizando o trabalho. (Errado)
5 – Houve x Houveram
O verbo “haver”, no sentido de existir, é conjugado somente na terceira pessoa do singular, ou seja, houve.
Ex: Houve diversas reclamações sobre o novo funcionário.
Obs: Empregamos “houveram” com sentido de ter, não com o sentido de existir.
Ex: Eles houveram (tiveram) de ir à reunião em pleno domingo.
6 – Regência dos verbos Chegar e Ir
Estes verbos são regidos pela preposição “a”.
Ex: O militar chegou cedo no Batalhão. (Errado)
O militar chegou cedo ao Batalhão. (Certo)
O militar foi no Batalhão. (Errado)
O militar foi ao Batalhão. (Certo)
O militar foi à formatura ontem. (Certo)
7 – Ir a x Ir para
O verbo “ir” também admite a preposição “para” como regência, desde que transmita uma noção de maior permanência.
Ex: Estou certo de que vou para Roma morar com meus avós. (Certo)
Estou certo de que vou a Roma morar com meus avós. (Errado)
8 – Regência do verbo Pagar
Quando o complemento do verbo for uma pessoa, deve-se empregar a preposição “a”. Se o complemento não se referir a uma pessoa, não se emprega preposição.
Ex: As empreiteiras não pagaram os pedreiros ontem. (Errado)
As empreiteiras não pagaram aos pedreiros ontem. (Certo)
Os alunos pagaram ao curso. (Errado)
Os alunos pagaram o curso. (Certo)
9 – Regência do verbo Querer
Se o verbo aparecer no sentido de desejar, usa-se sem preposição. No sentido de estimar, ter afeto, com a preposição “a”.
Ex: O aluno quer ao seu diploma. (Errado)
O aluno quer o seu diploma. (Certo)
Quero muito os meus amigos. (Errado)
Quero muito aos meus amigos. (Certo)
10 – Regência dos verbos Lembrar e Esquecer
Quando se apresentam nas formas pronominais — aqueles que são conjugados juntamente com um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, se) —, os verbos “esquecer” e “lembrar” são transitivos indiretos, pedindo a preposição “de”.
Ex: A professora lembrou de que não haveria prova. (Errado)
A professora se lembrou de que haveria prova. (Certo)
Esqueci completamente do nome da sua esposa. (Errado)
Esqueci-me completamente do nome da sua esposa. (Certo)
11 – Regência dos verbos Obedecer e Desobedecer
Estes verbos exigem a preposição “a”.
Ex: Ele sempre obedece os sinais de trânsito. (Errado)
Ele sempre obedece aos sinais de trânsito. (Certo)
O soldado desobedeceu o tenente. (Errado)
O soldado desobedeceu ao tenente. (Certo)
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12 – Regência do verbo Preferir
Este verbo pede como regência a preposição “a” antes do objeto menos estimado. Não é correto o uso de “do que”.
Ex: Prefiro consumir todo o meu salário no restaurante do que gastá-lo na farmácia. (Errado)
Prefiro consumir todo o meu salário no restaurante a gastá-lo na farmácia. (Certo)
13 – Maquia (certo) x Maqueia (errado)
A conjugação correta no presente do indicativo do verbo maquiar é “maquia”, não “maqueia”.
Ex: Ela se maquia com frequência.
14 – Esparecer (errado) x Espairecer (correto)
A palavra “esparecer” está errada. A forma correta é “espairecer”.
Ex: Vou viajar para espairecer.
15 – Namorar com alguém (errado) x Namorar alguém (certo)
O verbo “namorar” é transitivo direto, logo não pede preposição. Por isso, do ponto de vista da gramática normativa, a pergunta “Quer namorar comigo?” está errada, por exemplo.
Ex: Namore alguém que goste de você.
Quer me namorar?
16 – Dedetizar (certo) x detetizar (errado)
O verbo dedetizar é formado a partir da sigla DDT do pesticida Dicloro Difenil Tricloretano (inseticida) mais o sufixo verbal -izar: ddt + -izar. Assim, dedetizar deverá ser escrito com d nas duas primeiras sílabas.
Ex: A empresa dedetizou o apartamento todo.
17 – Resignação x Resiliência
Resignação significa estar prostrado, passivo, entregue.
Ex: Aceitou o fim da relação resignado.
Resiliência significa resistência, resistir, ter capacidade de voltar ao estado original.
Ex: Diante do mal, precisamos de resiliência.
18 – Tácito x Taciturno
Tácito significa pacato, silencioso, introspectivo.
Ex: No momento da despedida, ela ficou tácita.
Taciturno significa triste, melancólico cabisbaixo.
Ex: Terminou, taciturno, o namoro.
19 – Extático x Estático
Extático significa fora de si, transcendente.
Ex: Após o FLA x FLU, os tricolores ficaram extáticos com a vitória.
Estático significa imóvel, fixo, parado.
Ex: Após o susto, a menina ficou estática.
20 – Extrato x Estrato
Extrato significa retirar de; para fora, extrair.
Ex: Não queira ver o extrato bancário dos professores!
Estrato significa camadas, níveis.
Ex: Percebemos uma estratificação social quando se analisam as classes sociais.
21 – Zeugma x Elipse
Elipse: omissão de um termo na frase.
Ex: Passei pelas Américas hoje. (Avenida das Américas)
Zeugma: omissão de um termo já mencionado anteriormente; recurso de coesão.
Ex: Guimarães Rosa escreveu “Primeiras Estórias”; Machado de Assis, “Pai contra mãe”. (O verbo “escreveu” foi omitido)
22 – Discriminar x Descriminar
Discriminar significa fazer diferença, distinguir.
Ex: Não houve a correta discriminação do que deveria ser feito.
Ex: João foi discriminado por ser pobre.
Descriminar significa retirar a culpa, o erro, o crime; inocentar.
Ex: A justiça descriminalizou o réu.
23 – Bastante x Bastantes
Bastante no sentido de “suficiente” poderá ser flexionado.
Ex: Não levei roupas bastantes (suficientes).
Bastante no sentido de grande quantidade poderá ser flexionado
Ex: Tenho bastantes livros. (Tenho 300 livros).
Bastante no sentido de “intensamente” será invariável
Ex: Elas saíram bastante chateadas. (Elas saíram intensamente chateadas)
24 – Deferir x Diferir
Deferir significa aceitar, aprovar.
Ex: Sua inscrição foi deferida.
Diferir significa diferenciar, distinguir.
Ex: Precisamos diferir esses nomes.
25 – Acerca de x Há cerca de x (A) cerca de
“Acerca de” é locução prepositiva e significa “sobre”, “quanto a”, “a respeito de”.
Ex: Falamos acerca de Língua Portuguesa.
“Há cerca de” traz o verbo haver e indica tempo transcorrido. Significa “faz aproximadamente”.
Ex: Falamos acerca de Língua Portuguesa há cerca de um mês (ou seja, falamos de Língua Portuguesa faz aproximadamente um mês)
“(A) cerca de” é uma expressão que, sem o fazer “haver”, significa apenas “aproximadamente”, “mais ou menos”.
Ex: “Cerca de cem alunos estavam em sala.
A prova será feita a cerca de dois quilômetros daqui.
26 – Alerta (certo) x Alertas (errado)
Como advérbio de modo, é invariável e significa atentamente, vigilantemente.
Ex: Estejam alerta!
Como interjeição, é também invariável e significa “atenção!”.
Ex: Amigos, alerta!
27 – O plural de caráter é…
O plural de caráter é caracteres. Mau-caráter faz plural em maus-caracteres.
Ex: Pai e filho são maus-caracteres.
28 – Cassar x Caçar
Cassar é anular, revogar, privar (de direitos políticos, de mandatos, de licenças).
Ex: O deputado teve seu mandato cassado.
Caçar é perseguir (geralmente animais silvestres) para aprisionar, matar.
Ex: Eles saíram para caçar javalis.
29 – Cujo/cuja/cujos/cujas
Cujo é pronome relativo que concorda em gênero e número com o termo consequente, embora se refira a um substantivo antecedente. Não se deve utilizar artigo depois de cujo.
Ex: Eis o lugar cujo clima é agradabilíssimo. (Certo)
Eis o lugar cujo o clima é agradabilíssimo”. (Errado)
Ali é a praia cujas águas são tranquilas (Certo)
Ali é a praia cujas as águas são tranquilas (Errado)
30 – Flagrante x fragrante
A palavra flagrante, que pode ser um substantivo ou um adjetivo, que significa evidente, inflamado, ardente. A locução adverbial “em flagrante” quer dizer na própria ocasião em que se praticou o ato.
Ex: O ladrão foi pego em flagrante.
O adjetivo fragrante significa perfumado, aromático. É parente de fragrância.
Ex: Nem toda rosa é fragrante quando acaba de desabrochar.
31 – Até O x Até AO
Com as palavras precedidas do artigo O, é facultativo o emprego da preposição.
Ex: Vou até o Rio de Janeiro. / Vou até ao Rio de Janeiro.
32 – Sofás cinza?
Os substantivos de cor (cinza, laranja, goiaba, gelo, vinho, abóbora…), quando funcionam como adjetivos, ficam invariáveis.
Ex: camisas rosa; calças vinho; canetas laranja.
33 – Subsídio x Rubrica x Inexorável
É muito comum ouvir as seguintes pronúncias: “subzídio”, “rúbrica” e “ineksorável”. Essas pronúncias, no entanto, não são adequadas. Na gramática, esse tipo de desvio se chama erro de prosódia e/ou ortoepia.
Em subsídio, o “s” é pronunciado como “c” em cidade;
Em rubrica, a sílaba tônica é “bri”;
Em inexorável, o “x” é pronunciado como “z” em zebra”.
34 – Por causa que (Errado)
Deve-se evitar a expressão “por causa que”, cruzamento sintático da locução “por causa de” com a conjunção causal “porque”. Usa-se uma ou outra. É legítimo dizer: “Não foi à aula por causa da chuva” ou “Não foi à aula porque choveu”, mas deve-se evitar: “Não foi à aula por causa que choveu”.
35 – Perca x Perda
“Perca” é verbo, enquanto “perda” é substantivo.
Ex: Não perca a promoção de hoje!
A perda do jogador gerou um mal-estar.
36 – “E nem”
Quando a conjunção “nem” é aditiva e equivale a “e não”, não se deve utilizar a sequência ” e + nem”.
Ex: Ele não voltou nem avisou quando o fará. (Certo)
Ele não voltou e nem avisou quando o fará. (Errado)
37 – Ao meu ver x A meu ver
Na Língua Portuguesa, o artigo é facultativo antes do pronome possessivo. Por isso, ambas as formas estão corretas.
38 – A maioria de x A maior parte de
Estas expressões, quando seguidas de substantivo ou pronome no plural, tanto podem construir-se com o verbo no singular ou no plural.
Ex: A maioria dos alunos compareceu àquela aula.
A maioria dos alunos compareceram àquela aula.
39 – À partir de (errado) x A partir de (certo)
Na LínguaPportuguesa, nunca ocorre crase antes de verbo. Assim, a forma correta é “A partir de”.
Ex: A partir de hoje o expediente começa às 9h.
40 – Gratuito ou “gratuíto”?
Este adjetivo tem apenas três sílabas: GRA-TUI-TO. Pronuncia-se, portanto, a sílaba “tui” como tônica e não apenas o “i”. O “u” e o “i” fazem um ditongo.
O GLOBO