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8 October 2024
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Ex-senador Demóstenes vai pedir ao Senado que anule cassação para se candidatar para eleições 2018

O ex-senador Demóstenes Torres (GO) quer anular o processo de cassação no Senado que o tornou inelegível até 2027 para voltar a disputar as eleições já em 2018. Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou, em outubro do ano passado, as gravações das operações Monte Carlo e Vegas, que o arrastaram para fora do Senado, o ex-senador articula na política e na Justiça a recuperação do direito de se candidatar.

Para que isso aconteça, será preciso, primeiro, reverter a cassação por suas relações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mudança inédita que parece pouco provável de acontecer em uma Casa onde deixou poucos amigos desde que caiu em desgraça e que convive com o desgaste de ter suas principais lideranças sob investigação (mais da metade, como este site mostrou com exclusividade em abril).

Na semana passada, o ex-líder do DEM no Senado ficou livre do processo criminal a que respondia por seu envolvimento com Cachoeira. O Tribunal de Justiça de Goiás seguiu o entendimento do Supremo de que, com a invalidação das gravações consideradas ilícitas, não havia como responsabilizá-lo pelos crimes de corrupção passiva e advocacia administrativa (patrocínio de interesse privado perante a administração pública), atribuídos a ele pelo Ministério Público.

O pedido para que o Senado revisse a cassação já estava pronto quando o ex-senador apareceu na lista dos mais de 400 políticos apontados pela Odebrecht como beneficiários de repasses milionários do grupo. Na relação, ele tinha o curioso apelido de “Íntegro”. Dono de um discurso radical contra a corrupção e outros desmandos na política, o procurador de Justiça goiano encarnou esse papel nos quase dez anos em que exerceu o mandato no Senado até cair em grampos telefônicos e se tornar o segundo senador a ser cassado pelos colegas na história brasileira, em julho de 2012.

Acusado de receber R$ 6,3 milhões da Odebrecht para sua reeleição de 2010, Demóstenes segurou na gaveta o pedido que encaminharia naqueles dias ao Senado, solicitando a anulação do processo que o cassou em plenário por 56 votos a 19. Demóstenes não quer de volta a cadeira que deixou no Senado. Ele mesmo já admitiu ao empresário Wilder Morais (PP-GO), o suplente que herdou o seu mandato, que isso seria pedir muito. O que deseja mesmo é garantir a possibilidade de disputar a eleição já no ano que vem. Os planos de Demóstenes estão traçados: ele pretende se filiar a algum partido da base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) e tentar uma vaga na Câmara em 2018.

Provas anuladas

O Supremo derrubou as provas reunidas contra o ex-senador considerando que Demóstenes tinha foro privilegiado à época das investigações e que, para ter valor legal, as escutas telefônicas deveriam ter sido autorizadas pelo tribunal. Com a decisão, deixaram de ter validade as mais de 380 vezes em que o então senador apareceu nas gravações, em algumas vezes, aparentando ser subordinado e lobista do contraventor. A reviravolta abriu, em tese, caminho para Demóstenes voltar à vida política. Seja em 2018, 2022 ou 2028.

Inf: Congresso em Foco