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28 November 2024
Professor do Laboratório de Virologia da Ufba, Gúbio Soares (Foto: Reprodução)

Falta de verbas atrapalha pesquisas para descobrir causa de doença misteriosa

A falta de verbas para a compra de reagentes químicos está atrasando exames que tentam identificar a causa do surto misterioso que provoca dores musculares e urina preta, afirma Gúbio Soares, professor do Laboratório de Virologia da Ufba. Convicto de que se trata de um vírus, Gúbio informou que está prestes a conhecer o nome do microorganismo que estaria relacionado com o surto, mas lhe falta dinheiro para continuar a pesquisa

“Encontramos indícios de dois vírus nas fezes de pacientes. A única dúvida é se é um ou outro”, disse o professor, que precisa do reagente para realizar o sequenciamento do material genético do vírus. “Fazer esse sequenciamento é caro. Um reagente desses custa em torno de R$5 mil. É um material importado. A Ufba não tem dinheiro”, afirma Gúbio.

Os dois vírus que tiveram indícios encontrados são o Enterovírus e o Parechavírus. “É muito importante identificar o vírus e notifica-lo às autoridades”, acredita. Enquanto isso, nota técnica divulgada nesta quarta-feira pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) atualiza o número de pessoas atingidas.

De acordo com a nota, entre os dias 14 e 30 de dezembro foram notificados 30 casos suspeitos de mialgia aguda (dores musculares) nos municípios de Salvador, Vera Cruz e Lauro de Freitas, investigados tanto pelas prefeituras quanto pela própria Sesab. Especialistas chegaram a desconfiar que o consumo de peixe esteja relacionado ao surto. Mas Gúbio questiona: “Se eu encontro o problema no ser humano, como vou acusar o peixe?”.

Apesar da falta de dinheiro, Gúbio Soares espera concluir a pesquisa entre o final dessa semana e início da outra. Para tal, vai adquirir o reagente “fiado” com uma empresa alemã que tem representante em São Paulo. “Se for levantar a verba através de edital, vai demorar muito. Teria que elaborar um projeto. Não temos tempo. Vou conversar com a empresa e pago depois de fazer o projeto”, explicou o professor.

Por Alexandre Lyrio / Correio