Fernando Baiano é o ‘novo delator’ citado por Youssef
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como o operador do PMDB no escândalo do petrolão, é o “novo delator” citado pelo doleiro Alberto Youssef, que esclarecerá a doação de 2 milhões de reais para a campanha de Dilma Rousseff em 2010, segundo edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. Youssef fez a afirmação em acareação na CPI da Petrobras na terça-feira, em que ficou frente a frente com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, para esclarecer as divergências encontradas em seus depoimentos de delação premiada.
Na audiência, Costa disse que autorizou o repasse de dinheiro à campanha presidencial do PT em 2010 e que o pedido foi feito pelo ex-ministro Antônio Palocci, que coordenava a corrida eleitoral de Dilma à época. Conforme revelou VEJA em setembro do ano passado, Costa disse à força-tarefa da Operação Lava Jato que o doleiro Alberto Youssef foi acionado para viabilizar o repasse. O doleiro, no entanto, estava munido de um habeas corpus que o autorizava a ficar calado e só quebrou o silêncio para rebater a versão de Costa, sem negar que a campanha de Dilma tenha recebido dinheiro sujo, e para acrescentar que outro delator está tratando dessa questão. “Vou me reservar ao silêncio porque existe uma investigação nesse assunto do Palocci e logo isso vai ser relevado e esclarecido o assunto. Assim que essa colaboração for noticiada vocês vão saber quem foi que pediu o recurso e quem o repassou.”
Segundo o jornal, a defesa de Fernando Baiano não respondeu aos pedidos de entrevista. Já o advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, disse que se surpreendeu com a declaração de seu cliente e que não conversou com ele sobre o assunto. “Eles estavam na mesma carceragem da Polícia Federal, eles podem ter conversado sobre isso. Acho que foi um ato de desabafo de Youssef na CPI para falar que a culpa não é dele.”
Fernando Baiano negocia um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato há um mês. Na semana passada, ele e o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação em Curitiba (PR), a doze e dezesseis anos de prisão, respectivamente, por corrupção e lavagem de dinheiro. Caso o acordo de delação seja homologado, a pena pode ser reduzida até a metade ou o condenado pode obter progressão de regime sem apresentar requisitos objetivos, como cumprimento prévio de uma parcela específica da pena.