FHC se recusou a nomear Cunha para diretoria da Petrobras
Vice-governador do Rio teria feito pedido
Na política, o tempo passa, as circunstâncias mudam, mas os personagens pouco se alteram. Reportagem da revista ‘Piauí’ deste mês contou que, em março de 1996, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) recebeu um pedido do atual vice-governador do Rio, Francisco Dornelles (PP), para colocar o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na diretoria comercial da Petrobras. FHC não aceitou a indicação: alegou “trapalhadas” e “problemas” com o nome do peemedebista durante sua gestão na Telerj, e com o fato de ele ser remanescente do governo do ex-presidente Fernando Collor .
O episódio é narrado por FHC no livro Diários da Presidência, que será lançado neste mês e corresponde aos registros feitos em gravador pelo tucano durante seu período na Presidência da República.
Companheiros no extinto PPB à epoca do episódio, Cunha e Dornelles reagiram à lembrança do ex-presidente. O presidente da Câmara afirmou via Twitter “não ver lógica” no pedido de indicação para Petrobras. “Se houve algum movimento, foi sem meu conhecimento”, escreveu o peemedebista. Ao DIA, o vice-governador do Rio disse ter “certeza de que nunca indicara Eduardo Cunha para a Petrobras”.
“Ele (Cunha) nunca me pediu isso. Gosto muito dele, mas nunca tive relação com a Petrobras. Poderia ter até feito indicação para outro lugar, mas não ali”, afirmou Dornelles. Sobre as indicações políticas para cargos administrativos, assunto na ordem do dia por conta das mudanças ministeriais e da Operação Lava Jato, o ex-deputado resumiu. “A política indica e a administração demite”.
‘Presidente não é técnico’
Com longa trajetória na política, Francisco Dornelles analisou a repetição de personagens e debates públicos no Brasil, como na questão do impeachment. Ele é contra a saída de Dilma e diz que FHC foi o melhor presidente da História. “Impeachment virou um lugar comum na política, é um termo muito banalizado. Tentaram com Getulio Vargas, FHC… O governo não é time de futebol brasileiro, o presidente não é um técnico, que troca quando está mal”.
Por: Tribuna da Bahia