Fiocruz comprova relação entre ziKa e síndrome de Guillain-Barré
A Fiocruz tem o registro de 130 casos da síndrome no estado de Pernambuco este ano
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco comprovou que sete pacientes diagnosticados com a síndrome de Guillain-Barré (SGB), que afeta o sistema nervoso e causa fraqueza muscular, tiveram antes infecção por zika vírus. Os pesquisadores acreditam que o zika foi o responsável por desencadear a síndrome nesses casos, comprovando a relação do vírus e complicações neurológicas.
A Fiocruz tem o registro de 130 casos da síndrome no estado este ano. Em 2014, foram nove, segundo a Secretaria da Saúde. A comprovação da relação entre as duas doenças vem logo após o Ministério da Saúde anunciar que o zika vírus é a principal hipótese para explicar o aumento da ocorrência de microcefalia na região Nordeste.
O número de casos notificados de microcefalia já chega a 739 em todo o país, sendo 487 somente em Pernambuco, segundo dados divulgados na terça-feira (24). O pesquisador da Fiocruz Carlos Brito explica que o aumento da incidência dos casos de SGB ocorreu em maio, logo após o pico de casos de zika no estado.
“Essa análise antecede a de microcefalia. São sete casos em que isolamos o vírus, o que comprova que o zika pode levar a quadros [de complicações] neurológicos”, detalha Brito. A SGB atinge o sistema nervoso periférico e, geralmente, causa déficit de força nos membros, começando pelos inferiores e podendo atingir o tronco e vias respiratórias. Ela ocorre em uma a cada 100 mil pessoas.
O tratamento é uniforme e os pacientes ficam, geralmente, internados recebendo medicação, explica Brito. A hipótese de relação entre o zika e a síndrome havia sido levantada na Polinésia Francesa, quando houve um aumento de quadros neurológicos após um surto de zika, mas sem conclusões.
“Sempre que se suspeita de Guillain-Barré, investigamos as várias causas, como herpes e outros. Temos agora que analisar é o montante de casos da síndrome que tem relação com zika”, explica Brito.