Funcionária de condomínio é assaltada e moradores do Campo Grande relatam sensação de insegurança
Segundo moradores, um homem foi esfaqueado próximo ao Forte São Pedro nesta quarta-feira
Moradores do Campo Grande estão preocupados com a falta de segurança na região. Após o caso da estudante Cristal, baleada durante um assalto, no início do mês de agosto, nesta terça-feira (23), foi a vez de uma funcionária do Condomínio Pedra D’Ara, na rua Banco do Ingleses ser assaltada quando entrava no prédio. Já nesta quarta (24), um homem foi esfaqueado em frente ao Forte São Pedro, durante uma briga entre dois possíveis usuários de drogas.
Entre os moradores do bairro, a sensação é de total insegurança, a exemplo do que contou Nyedja Nara Prazeres de Moura Fernandes da Cunha, em entrevista ao Portal M!. Segundo ela, os casos de assaltos são registrados diariamente pelos moradores.
“O filho da minha vizinha foi assaltado no mesmo local onde a Cristal foi morta, meu filho já foi assaltado duas vezes. Durante a noite sempre passa alguém gritando assalto. É roubo todos os dias e hoje, por coincidência, no forte de São Pedro, houve um episódio de dois homens que se esfaquearam”, contou.
Segundo informações obtidas pelo Portal M!, os homens envolvidos na briga seriam usuários de drogas que estão diariamente na região do Campo Grande. A reportagem tentou confirmar a informação com a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Já o episódio registrado ontem (23), no prédio Pedra D’Ara, ocorreu por volta das 7h da manhã, quando uma funcionária chegava ao local. Imagens de uma câmera de segurança do local registraram o momento em que a mulher é abordada por um suspeito armado enquanto chegava para trabalhar. O crime aconteceu dentro da guarita da portaria do local. (veja vídeo abaixo)
No vídeo, é possível ver a funcionária chegando ao trabalho, quando o suspeito se aproxima da mulher correndo e aponta uma arma para a vítima, que entra rapidamente na guarita. Antes que o portão fosse fechado, o homem invade a portaria do condomínio e rouba a bolsa da mulher.
Insegurança
Moradora da Rua Banco dos Ingleses, a assistente social se queixa do clima de insegurança e cobra uma segurança maior da Polícia Militar no bairro.
“Na verdade, a insegurança é total e os órgão públicos não tem feito nada, não apenas na Rua Banco dos Ingleses, como nos bairros vizinhos, que estão sem segurança nenhuma. Quando aconteceu o caso da Cristal, durante três dias o policiamento esteve forte, mas desde então, praticamente não se vê. Acabou totalmente, agora nada”, afirmou Nyedja.
Diante deste cenário, Nyedja descreveu um sentimento de repúdio total ao “descaso” quanto à segurança do local. Ela afirmou ainda, que existe o desejo de moradores do bairro na contratação de uma segurança particular.
“Semana passada teve um assalto, roubaram uma bolsa, quando a polícia chegou já foi bem depois, se você procura um policial nas redondezas, não encontra, não se vê policiamento. Um sentimento de repúdio total, não estão fazendo nada pela segurança das pessoas, a gente cada vez mais paga mais impostos e não vemos nada sendo feito. Vamos fazer uma reunião aqui no prédio, tentar criar um grupo de moradores aqui da rua para contratação de segurança”, revelou.
Quem também descreveu o sentimento de insegurança foi a advogada Mariana Fernandes. Ela, que morou no prédio Pedra D’Ara por 30 anos e ainda possui familiares no local, afirma que ninguém tem coragem de circular na região hoje em dia.
“É onde a maior parte da minha família mora, pai, mão, tios, primos. Morei lá por 30 anos e hoje, se preciso ir lá, já chegamos buzinando, para os porteiros irem abrindo o portão, tamanha é a insegurança no local. Hoje em dia, ninguém mais tem coragem de circular na região, qualquer hora do dia são diversos usuários de drogas, armados com faca e revólver”, disse.
Segundo ela, é triste observar a situação atual do bairro, em que “nada é feito”. Mariana apontou ainda que, embora a Polícia Militar aponte que há um policiamento ostensivo na região, não é o cenário encontrado por moradores no dia a dia.
“É triste ver a situação, nada é feito. A polícia diz que está atuando ostensivamente a pé no bairro, mas não está, é claro que não está”, apontou.
Segundo ela, existe a preocupação de moradores de que a região conviva com um cenário semelhante ao da “cracolândia” em São Paulo. “Onde vamos parar? Será que estão com uma venda nos olhos? O Campo Grande é um bairro que precisa de atenção especial da Polícia Militar e do governo, é uma verdadeira cracolândia. Se não tomarem uma posição drástica, vai virar algo muito pior, parecido com a de São Paulo”, disse.
“É uma pena por ser um bairro tradicional com diversos idosos e estarem passando por isso diariamente”, completou.
PM alega policiamento ostensivo
Por meio de nota enviada ao Portal M!, a Polícia Militar da Bahia afirmou que não foi acionada para o atendimento da ocorrência no prédio Pedra D’Ara e assegurou que realiza policiamento ostensivo na região.
“Informamos que a PM não foi acionada para o atendimento dessa ocorrência na porta do condomínio Pedra D`Ara e o policiamento na região do Campo Grande é realizado diariamente pelo 18º Batalhão com o emprego de viaturas (carros e motos), além do policiamento ostensivo a pé. Ainda na região, é posicionada uma base móvel em pontos estratégicos ampliando as ações ostensivas”, diz a nota.
O posicionamento do órgão indica ainda, que a PM “não tem registros de assaltos constantes na região, inclusive ontem o comando do 18º BPM se reuniu com o delegado responsável por esta área e, na Polícia Civil, também não há registros”.
Por fim, a PM orientou que “caso alguém seja vítima de algum delito, acione imediatamente o 190 e registre o fato na delegacia”.
Veja vídeo do momento do assalto no condomínio Pedra D’Ara: