JOANA PRADO E VITOR BELFORT HA 04 MESES SEM SEXO, ENTENDA O MOTIVO
-
Camila Fontana/Folhapress
O hare krishna Kavi Chandra e a lutadora Andrea de Oliveira Bandeira relatam como e porque evitam sexo
Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" abordou histórias de pessoas que abriram mão do sexo por causa da fé, vida profissional e até mesmo por questões médicas.
No esporte, os jogadores de futebol, por exemplo, são aconselhados a fugir das "tentações" pelo menos por dois dias antes de uma partida. Mesmo assim, alguns não resistem e fogem da concentração. O empasse de esportistas que precisam aderir ao "celibato" para garantir uma atuação prestigiada já foi retratado por personagens inesquecíveis do cinema. O antológico filme "Rocky Balboa" eternizou a frase de Mickey, o treinador rabugento, que afirmava: "Mulheres enfraquecem as pernas".
Na religião, exemplo são os hare krishnas, que só se entregam aos "prazeres carnais" para procriarem e encaram a abstinência com serenidade.
Conheça alguns casos abordados pela matéria.
Para não ficar de "pernas bambas"
A lutadora profissional Andrea de Oliveira Bandeira, 26, rebate a frase de Mickey. Que história é essa que as mulheres podem sugar as energias dos fortões dos octógonos? Andrea diz que não é bem assim e afirma que os homens também podem deixá-las de "pernas bambas".
"Na competição não tem como, porque a gente fica só entre mulheres. Mas no 'sparring', que é o treino pra valer, se você faz sexo antes, fica fatigado. Mesmo se foi só uma rapidinha, as perninhas não aguentam", falou Andrea.
A boxeadora também falou que, para atletas de sua categoria, é aconselhável ficar mês inteiro sem sexo. Por isso, seria bem melhor se envolver com alguém do boxe, que entenderia o "problemão".
E como segurar as pontas?
"No começo é difícil para quem gosta da 'coisa'. Depois, o foco aumenta. Você procura nem pensar nisso." Passada a luta, contudo, o parceiro [no momento ela tem um “rolo”] é recompensado. "O coitado não aguenta, não!", brinca a atleta.
Messias Gomes, 57, que é treinador de Andrea, diz que percebe na hora quando o atleta saiu do jejum. E aí não tem jeito, o "safadão" vai ouvir um bom sermão: "O boxe é um esporte fiel, a mulher, não", assevera o ex-boxeador, que já perdeu dois casamentos por causa das lutas.
"É porque eu amo mais o boxe do que o casamento. Quando tinha competição no final de semana, ela ficava me provocando. Eu dizia: você não gosta de mim, vai fazer eu apanhar no ringue", lembra Gomes, que tem 36 anos de experiência acumulada no pugilismo.
Para atingir o amor absoluto
Se no boxe a falta de sexo é só uma questão de poupar energias, para os adeptos do Hare Krishna tudo é uma questão de energia. Os religiosos acreditam que colocar o foco no plano material – e, portanto, na "carne" – seria contraditório. Além disso, os hare krishnas pregam que sexo só vale para "trazer uma alma ao mundo". Como eles conseguem viver sem fazer "aquilo"? Simples: os abstinentes cantam mantras (orações repetidas), como explica Kavi Chandra Das, 24, que vive há dez meses no templo Vrinda, na Aclimação, na região central de São Paulo. E, se fica com vontade, ele medita.
Questionado se sexo solitário é liberado, Kavi ri e afirma> "Isso não existe!", diz, e faz uma analogia com o boxe: "O boxeador quer ganhar a luta. A gente quer atingir o amor absoluto. Quando você desperdiça o sêmen, perde muita energia".
Outras religiões também buscam exercer grande influência na vida sexual de seus seguidores. Ao menos em tese, a maioria da população brasileira, católica, também deveria praticá-lo apenas para reprodução, como orienta a Igreja. Na prática, porém, padres e freiras é que têm mesmo de lidar com a privação.
Novamente a energia aparece como justificativa para uma vida castidade.
"É lógico que é uma energia forte", diz o seminarista Pedro Augusto Ciola de Almeida, 30, ao contar que já se apaixonou durante a permanência no seminário. "Mas foi algo breve." Nos oito anos de convívio com colegas em formação para o sacerdócio (falta pouco mais de um para ele ser ordenado padre), diz já ter visto alguns desistirem da vida sacra para mudar de lado no altar e se casar.
Pedro, que passou dois anos em abstinência antes de entrar para o seminário, refletindo para ter certeza de que poderia abrir mão de ter uma companheira para o resto da vida, explica que os padres não são seres assexuados. "O celibatário continua sendo homem." A diferença é que o padre renuncia. E renuncia e renuncia e renuncia. Quantas vezes for preciso para que toda sua "energia" (palavras de Pedro) esteja voltada para Deus e para o próximo.
Mas e aí, existe uma oração para ajudar a resistir a tentação?
"Não se trata de uma oração específica", diz Pedro, rindo. "Orientamos o afeto no sentido do amor a Deus e à Igreja". Mistérios da fé.
Não pode pendurar as chuteiras
Se para alguns tudo é questão de energia, para outros pode ser mesmo a falta de desejo, como foi o caso da chef Denise, 55.
"Eu era um foguete. Depois da menopausa…" Esse fogo todo não se apagou de repente. No caso da chef, uma condição médica comum a mulheres de sua idade, a perda de elasticidade da vagina, que causa incômodo durante o sexo, a fez perder a vontade. "Cheguei a ficar seis meses sem."
Denise, que trata o sexo como questão de honra, acredita que "enquanto estiver viva, tem que praticar", pois pendurar as chuteiras não era opção. Ficou sabendo de um tratamento novo, a laser (energia de novo!) de nome curioso: "Monalisa Touch", ou o toque de Monalisa, em português.
Acabaria o moderno aparelho com o sorriso amarelo na hora H? Denise assegura que sim.
"A gente pensa que já morreu, mas não morreu, não!"
(Com informações do jornal "Folha de S. Paulo")
Leia mais em: http://zip.net/bqkRdW