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29 September 2024

Juíza nega prisão domiciliar e transfere bombeiro que matou esposa para a Mata Escura

Defesa de Valdiógenes Almeida alegou cardiopatia; o processo está suspenso desde julho para exames de sanidade mental

A juíza Gelzi Mari Almeida Souza, do 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Bahia, negou o pedido de prisão domiciliar para o bombeiro militar Valdiógenes Almeida Cruz Junior, 45 anos, acusado de matar a tiros a esposa, a professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40, na escola onde ela trabalhava no dia 13 de maio deste ano.

O pedido foi feito pela defesa do bombeiro, que alegou que Valdiógenes “é portador de cardiopatia e problema de saúde decorre (sic) de cirurgia bariátrica”. Os advogados pediram a conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar, sob o argumento de que “o local onde ele encontra-se custodiado (Batalhão da Polícia de Choque), não possui as condições necessárias para abrigá-lo.

Apesar de ter negado o pedido, no último dia 25 de outubro, a juíza determinou que Valdiógenes seja transferido para o Centro de Observação Penal (COP), no Complexo da Mata Escura, onde fica a Central Médica do Complexo Prisional. Segundo a juíza, ainda não é necessário transferir o acusado para o Hospital de Custódia e Tratamento (HCT), onde ele ainda fará o exame de sanidade mental.

De acordo com a decisão da juíza, “é necessária a manutenção da prisão para garantia da ordem pública, considerando-se a gravidade em concreto do suposto crime (homicídio qualificado contra ex-companheira em plena escola pública) e a condição do réu ser agente de segurança pública, o qual deveria primar pela segurança da sociedade, mas pelo contrário, em tese, ameaça a paz social e coloca em risco a garantia da ordem pública”.

A juíza acrescenta que, com a soltura, “persiste o risco de prejuízo a instrução criminal, uma vez que as testemunhas, em especial os ex-colegas de trabalho da vítima, podem se sentir intimidado para depor, com o acusado solto, diante das circunstâncias em que o fato supostamente ocorreu, dentro do ambiente de trabalho destas”.

O processo contra Valdiógenes já está suspenso, desde o dia 11 de julho, depois que a defesa ingressou com um pedido de instauração de “incidente de insanidade mental”, alegando que o bombeiro “é portador de problemas psiquiátricos, com base nos relatórios médicos e receituário”. O processo só volta a correr quando os exames forem feitos.

No entanto, segundo informações do processo, o exame só foi agendado para o dia 21 de junho do ano que vem – quase um ano após o processo ser suspenso. A juíza pediu que a direção do HCT antecipe o procedimento.

O CORREIO procurou o atual advogado de Valdiógenes, Alfredo Venet, mas ele não foi localizado para falar sobre o assunto.

 

O crime

Valdiógenes Almeida Cruz Junior se entregou à polícia no dia 16 de maio deste ano. No dia 13 de maio, ele matou a tiros a própria esposa, a professora Sandra Denise Costa Alfonso, 40 anos. O crime aconteceu dentro de uma das salas de aula da Escola Municipal Esperança de Viver, no bairro de Castelo Branco, em Salvador. Durante o depoimento, o bombeiro chorou.

 

Segundo testemunhas, Valdiógenes levou a esposa ao trabalho, pela manhã, e retornou pouco antes do almoço. Como era conhecido pelos funcionários da escola, entrou normalmente no prédio, onde encontrou a esposa em um dos corredores, a abraçou e levou para uma sala de aula que estava vazia. Lá, matou a esposa a tiros e fugiu pulando o muro da escola.

 

Os dois eram casados há 21 anos e tinham uma filha de 14 anos. Na ocasião, o advogado de Valdiógenes, Sérgio Reis, disse que foram mensagens no aplicativo WhatsApp que motivaram o crime. Ele teria usado um aplicativo espião e encontrado uma troca de mensagens da esposa com um homem desconhecido.

 

O corpo de Sandra Denise foi velado no Cemitério do Campo Santo, em Salvador, e sepultado no dia 16 de maio, na cidade de Bragança, no estado do Pará, onde o pai da professora nasceu. A cidade fica a 210 quilômetros de Belém, onde Sandra Denise nasceu e morou até se casar com Valdiógenes e mudar-se para Salvador.