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26 November 2024

Juros do cartão de crédito beiram os 400%; veja como evitar dívidas

Em um ano, a taxa do crédito rotativo cresceu 87 pontos percentuais

No  rastro do aumento da taxa básica de juros (Selic) – que atingiu 14,25% ao ano, após sete altas consecutivas este ano – a taxa média no rotativo do cartão de crédito alcançou o patamar recorde de 395% ao ano em julho, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Um ano antes, a taxa estava em 308% ao ano. Essa é a linha mais cara entre as principais modalidades de crédito para o consumo.

Com a elevação nos juros do rotativo, que é um valor entre o total e o mínimo da fatura, um usuário de cartão que deixe de pagar R$ 1 mil em uma fatura e que passe os 12  meses seguintes pagando o mínimo terá, ao final do período, uma dívida de R$ 3.950. Há um ano, essa mesma operação teria como resultado um valor de R$ 3.080.

A taxa média do cheque especial também subiu no período e fechou o mês passado em 247% ao ano, segundo os dados do BC. Esse é o maior valor desde novembro de 1995, quando estava em 252% ao ano.

O maior valor registrado pelo BC no custo do cheque especial desde o Plano Real são os 294% ao ano de julho de 1994, início da série histórica da pesquisa mensal de crédito da instituição para esse dado.

A alta dos juros nessas modalidades está em linha com o comportamento geral das taxas bancárias, que acompanham a movimentação da Taxa Selic.

Na média, a taxa de juros do crédito ao consumo, oferecidos a pessoa física, passou de 49,5% em julho do ano passado para 59,5% ao ano em julho deste ano, de acordo com a pesquisa de crédito do BC. O número é novamente recorde para a série iniciada, nesse caso, em março de 2011.

Volume de crédito

O estoque total de crédito cresceu 0,3% em julho em relação ao mês anterior e acumula alta de 9,9% em 12 meses, somando R$ 3,11 trilhões. A previsão do BC é encerrar o ano com crescimento de 9%, menor resultado desde 2003.

Para  o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o comportamento do mercado de crédito em julho está em linha com essa projeção.

O saldo total de crédito para as famílias aumentou 0,4% de junho para julho, chegando a R$ 1,469 trilhão. Para as empresas, o avanço no período foi de 0,3%, para R$ 1,642 trilhão.

Menos Concessões

O sistema financeiro concedeu, em julho, 6,4% a menos em novos empréstimos e financiamentos comparativamente a junho. O número leva em conta as concessões totais em cada mês. Tendo em conta a média por dia útil, houve queda maior, de 14,5%.

Houve recuo nas concessões para empresas e nas operações com famílias. Na comparação dos volumes acumulados em cada mês, as concessões para clientes corporativos caíram 12%, somando R$ 139,1 bilhões em julho.

Para as famílias, o sistema financeiro concedeu R$ 164,7 bilhões em novos empréstimos e financiamentos, 1,1% abaixo do que tinha concedido no mês anterior.

Os bancos públicos foram os únicos a ampliar a carteira de crédito em julho. O aumento foi de 0,9%, para R$ 1,720 trilhão, o que corresponde a 55% do mercado.

Em 12 meses, o crescimento acumulado é de 14,5% e para 2015 como um todo o BC estima avanço de 13%, após expansão de 16,7% em 2014.

As concessões de crédito para veículos cresceram 4,4% na comparação mensal, mas ainda acumulam queda de 8,8% no ano. Esse é um dos principais setores afetados pela retração da economia brasileira e já é alvo de um pacote de ajuda do governo.

No financiamento imobiliário, que foi prejudicado pelas restrições impostas pela Caixa e pela falta de recursos da poupança, houve aumento de 0,4% na liberação de novos financiamentos no mês, com retração de 6,9% no ano.

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Crise e desemprego dificultam até o pagamento da casa própria

Por causa da crise econômica e alta do desemprego, a inadimplência de famílias e empresas aumentou em julho. Até as prestações da casa própria, o brasileiro tem deixado de pagar.  De acordo com o Banco Central, a taxa de calote das famílias aumentou 0,2 ponto percentual e chegou a 3,8% em todos os tipos de crédito, ou seja, com recursos livres ou direcionados para usos específicos.  A inadimplência dos financiamentos imobiliários subiu de 1,8% para 1,9%.

Se considerado apenas o segmento de recursos livres, o calote subiu a 4,8% em julho, o patamar mais alto em dois anos. A taxa é a maior desde o mesmo mês de 2013, quando atingiu 4,84%. Em junho, a inadimplência nesse segmento, em que as instituições financeiras definem as taxas de juros livremente, havia sido de 4,6%, segundo dado revisado pelo BC.

Outras modalidades também registraram uma alta do calote. Empréstimos para aquisição de bens, rotativo do cartão de crédito, crédito pessoal e cheque especial têm mais parcelas em aberto.

As empresas também têm dificuldade de pagar as dívidas. O calote aumentou 0,1 ponto percentual e ficou em 2,4%. No segmento de recursos livres, o crescimento da inadimplência em julho foi maior entre empresas, com o índice passando a 4,1%, contra 3,9% em junho.

Entre pessoas físicas, também houve avanço no período, a 5,4%, contra 5,3%.

A maior inadimplência, que são atrasos acima de 90 dias nos pagamentos de dívidas, tem como pano de fundo o cenário de deterioração do mercado de trabalho, baixo crescimento econômico e inflação acima de 9% no acumulado em 12 meses, muito superior ao centro da meta do governo – de 4,5% pelo IPCA, com margem de dois pontos para mais ou para menos.

Reagindo ao avanço persistente dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual no fim de julho, a 14,25% ao ano, patamar mais elevado em nove anos.

No cenário atual, os bancos estão mais reticentes em emprestar e o crédito no Brasil desacelerou.

Por: Correio