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28 November 2024

Justiça inocenta médica acusada de matar pacientes em UTI de hospital de Curitiba

Médica ainda ganhou indenização no valor de R$ 4 milhões da Justiça do Trabalho

RIO – A médica Virgínia Helena Soares de Souza, acusada de provocar mortes de pacientes que estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Evangélico, em Curitiba, foi inocentada pela Justiça, nesta quinta-feira. A decisão foi dada pelo juiz Daniel Surdi Avellar, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba. Virgínia foi presa em 2013, junto com outros sete funcionários da UTI. Ela chefiava o setor.

Em entrevista ao GLOBO, o advogado da médica, Elias Mattar Assad, declarou que o caso foi o mais difícil de sua trajetória profissional.

– A acusação não tinha a menor lógica, foi baseada em impressões leigas. Se a médica tivesse matado todas aquelas pessoas por quem ficou responsável, ela seria a maior serial killer da história da humanidade; nem Hitler teria esse ranking. O juiz analisou o caso e disse que a acusação é inadmissível. Não há provas sequer da existência do fato criminoso – diz.

Assad acrescentou ainda que Virgínia “cumpriu todos os protocolos e consensos de farmacologia e anestesiologia” e que ela “unicamente praticou medicina intensiva”, sendo amplamente apoiada pelo Conselho de Medicina do estado do Paraná.

Segundo ele, ao receber a notícia da decisão judicial, a médica precisou ser amparada:

– Ela foi não apenas absolvida como também inocentada e chorou de alegria, emoção e alívio. Durante todo esse tempo, ela não podia nem sair às ruas – frisa.

Em uma rede social, o advogado também comemorou a decisão da Justiça:

“Caso desafio: Absolvida a médica Virgínia Helena do Hospital Evangélico de Curitiba! Importância do direito de defesa. Sem ele não há Justiça e sem Justiça não há democracia nem estado de direito! Neste caso criminal, os que menos sabiam foram os que mais acusaram! JUSTIÇA!”

A médica e sete pessoas da equipe foram acusadas de terem abreviado a vida de oito pacientes para que leitos da unidade fossem liberados. Além da inocência, a defesa da médica sustentou a tese de que não havia provas da existência de qualquer fato criminoso. A tese foi acolhida e, segundo a defesa, o magistrado “julgou improcedente/inadmissível a denúncia, absolveu sumariamente e impronunciou a médica entendendo que o processo deve ser encerrado, sem necessidade de julgamento popular”.

Ainda de acordo com nota divulgada pela defesa da profissional de saúde, o Conselho Regional de Medicina também inocentou Virgínia. Além da vitória na decisão, a médica ganhou uma indenização na Justiça do Trabalho no valor de R$ 4 milhões, que terá que ser pago pelo hospital.

Além de Virgínia Souza, foram inocentados Edison Anselmo da Silva Junior, Maria Israela Cortez Boccato, Patricia Cristina Goveia, Anderson de Freitas e Lais da Rosa Groff. Os outros dois acusados também foram absolvidos anteriormente.