Mancha suspeita chega mais perto de ilhas do arquipélago de Abrolhos na Bahia
Em sobrevoo, técnicos perceberam nova espuma no entorno das 5 ilhas.
Uma nova mancha foi identificada no litoral sul da Bahia perto das cinco ilhas do arquipélago de Abrolhos, que ficam a cerca de 75 km da costa, após um sobrevoo realizado no domingo (10). A suspeita é que as espumas monitoradas, incomuns na região, tenham sedimentos da lama da barragem da Samarco, que se rompeu há dois meses em Minas Gerais. Uma das manchas foi localizada a pouco mais de 1,5 km das ilhas.
No sobrevoo, que durou quatro horas, estavam técnicos da Samarco, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ambientalistas locais. O secretário municipal de Caravelas, Fábio Negrão, participou do sobrevoo e disse que ainda é precipitado associar a mancha como rejeitos do desastre de Mariana. “A gente tem que fazer mais sobrevoos, acompanhar o deslocamento da pluma e principalmente estar coletando o material para mandar aos laboratórios e, quem sabe, conseguir essa assinatura geoquímica do material”, disse.
O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Cláudio Maretti, desembarcará em Porto Seguro para participar de reunião na tarde desta segunda (11), na cidade de Caravelas, junto com organizações como o Projeto Coral Vivo, para traçar estratégias de monitoramento da mancha.
O coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas, do ICMBio, João Carlos Tomé, defende que há “grande possibilidade” das manchas observadas na região de Abrolhos conter sedimentos da lama da barragem da Samarco. Ele acompanha o avanço da pluma de sedimentos da lama desde que chegou ao Rio Doce, cuja foz é no Espírito Santo, e conversou com o G1 nesta segunda-feira (11).
O governo da Bahia não acredita que a lama seja proveniente do desastre em Mariana, posição que é seguida pela prefeitura de Porto Seguro e pela própria Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton.
O rompimento da barragem aconteceu no dia 5 de novembro de 2015 e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região Central de Minas Gerais. Os rejeitos da mineradora contaminaram o Rio Doce e chegaram até a foz, no município de Linhares (ES).
A possibilidade da lama com rejeitos de minério ter chegado a Abrolhos foi anunciada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na quinta-feira (7). Foram coletadas amostradas de manchas encontradas no sul baiano para analisar a origem dos sedimentos. Os resultados devem confirmar ou não se a pluma chegou à região de Abrolhos, onde é situado o Parque Nacional, local de riqueza em biodiversidade marinha.
Os grãos da lama coletados nas manchas de Abrolhos serão enviados para laboratórios, que irão comparar o material com o que já foi achado na lama de rejeitos de minério da barragem que vazou em Minas.