Médico é encaminhado a delegacia após confusão em hospital de Ilhéus
Segundo a polícia, clínico suspendeu atendimento porque paciente gritava.
Situação provocou suspensão das atividades na emergência da unidade.
Um médico plantonista do Hospital Geral Luís Viana Filho (Regional de Ilhéus), na região sul da Bahia, foi encaminhado pela Polícia Militar à delegacia da cidade após suspender o atendimento na emergência durante confusão envolvendo o atendimento a uma paciente na emergência da unidade de saúde, no final da noite de sábado (12).
De acordo com o delegado Fábio Simões, que registrou o caso, o clínico prestou depoimento e foi liberado. Os atendimentos de emergência foram suspensos na noite de sábado e durante toda a madrugada de domingo (13) após o ocorrido, e só foram retomados durante a manhã.
Simões detalha que a confusão começou depois que o médico se mostrou incomodado pelos gritos de uma paciente adolescente, que tem hidrocefalia e paralisia nos membros, e estava acompanhada dos pais do lado de fora do consultório, aguardando atendimento. Conforme o registro policial, a garota gritava e o barulho estaria atrapalhando a atividade do médico, que atendia um casal dentro do consultório.
“O médico estava atendendo na emergência do hospital em um plantão de sete da manhã às sete da noite. Quando deu por volta de cinco e pouca da tarde, ainda havia algumas pessoas para serem atendidas, entre elas a adolescente na porta do consultório, que estava gritando”, afirmou o delegado. Ainda segundo o relato de Fábio Simões, diante da situação, o médico interrompeu os atendimentos e avisou aos pacientes que, diante do barulho intenso, não teria condições de dar prosseguimento às atividades.
“Ele contou que não estava conseguindo se concentrar no atendimento que estava fazendo a um casal dentro do consultório porque a adolescente continuou gritando, e fazia muito barulho”, diz o delegado.
O diretor geral do hospital, Cláudio Moura Costa, também esteve na delegacia para registrar a ocorrência em nome da unidade de saúde. “O que ele [médico] relatou é que parou de atender naquele momento e que voltaria depois que a situação fosse controlada. Ele avisou às pessoas que aguardavam o que estava acontecendo e foi providenciar outras coisas dentro do hospital, que eram pertinentes ao trabalho dele”, afirmou o diretor, em entrevista ao G1.
A Polícia Militar foi acionada por populares e o médico recebeu voz de prisão dentro da unidade de saúde. Ele foi encaminhado em viatura até a delegacia. Segundo o capitão da PM Nerivaldo Henrique, coordenador de área da 68ª CIPM, houve omissão de socorro.
“Ela tem quase 16 anos. Levamos ela no hospital porque, por acidente, eu quebrei o último frasco de um remédio que ela usa, e que é controlado, e eu fui pegar uma receita para comprar outro. Passei pelo atendimento na recepção, e ela teria atendimento como prioridade porque é especial e nós seríamos os próximos a ser atendidos, quando ele encerrou o atendimento. Ela grita muito, faz barulho porque é especial, mas se ele tivesse nos chamado e nos atendido, teria resolvido logo a situação”, relatou a mãe da paciente. Ela também foi ouvida na delegacia de Ilhéus. Depois, conseguiu a receita médica em outro hospital e comprou o remédio que a filha precisava.
O delegado Fábio Simões afirmou que não avaliou a situação como omissão de socorro. O clínico foi ouvido em termo circunstanciado. Os médicos que dariam plantão na noite de sábado e durante a madrugada de domingo se mostraram inseguros com a ação da polícia dentro do hospital e voltaram para casa. O diretor do hospital informou que a unidade de saúde vai abrir uma sindicância para apurar a situação.