Mercado formal de trabalho sofre maior queda e tem pior novembro em 23 anos
Em 12 meses as demissões superam 1,5 milhão, segundo dados do Ministério do Trabalho
O mercado formal de trabalho registrou em novembro saldo líquido (admissões menos demissões) negativo de 130.629 empregos, pelo oitavo mês consecutivo. É o pior resultado para o mês da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em 1992. No mesmo período de 2014, foram criados 8.381 postos. Nos doze meses encerrados em novembro, as demissões superam 1,5 milhão, segundo o Ministério do Trabalho. É também o pior resultado em 23 anos. Entre janeiro e novembro, o país fechou 945.363 vagas com carteira assinada.
Em relação a outubro, quando foram eliminados 169.131 postos, houve queda no ritmo dos desligamentos. No mês passado, comércio registrou saldo positivo de 52.592 empregos, devido aos empregos temporários para o fim de ano. Mas, nos demais setores, as demissões superaram as contratações, sendo que na indústria, os cortes somaram 77.341; a construção civil perdeu mais 55.585 empregos; serviços, outros 23.312 e agricultura, 21.969.
EXPECTATIVA RUIM PARA DEZEMBRO
O diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Márcio Borges, disse que o resultado do emprego formal em novembro já era esperado. Segundo ele, os números mostram que as empresas vêm ao longo dos últimos meses fazendo ajustes, diante da crise na economia e do cenário de incertezas. Isso, destacou, pode fazer com que o saldo de dezembro, tradicionalmente negativo devido às rescisões dos contratos temporários, deverá ficar inferior à média de 300 mil desligamentos.
– Nossa expectativa é que dezembro venha com um número menor porque já está havendo um processo de alinhamento das empresas – disse o diretor, acrescentando, que o cenário de incertezas precisa ser enfrentado pela equipe econômica, a fim de retomar a geração de empregos.
– Isso precisa ser enfrentado pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento – destacou Borges.
Para Rodolfo Torelly, do site especializado Trabalho Hoje, não há sinais de que o desemprego vai diminuir:
– Os resultados mercado de trabalho formal continuam se agravando, com seguidos recordes negativos de perdas mensais de empregos formais, protegidos pela CLT. Ainda não vislumbramos uma desaceleração das perdas de postos de trabalho formais, que obrigatoriamente irão anteceder uma retomada da geração positiva dos empregos formais – disse Torelly.
De acordo com o Caged, os setores mais afetados no acumulado do ano são a indústria, onde os cortes já atingiram 414.075 empregos, seguida pela construção civil, que já perdeu 309.226 empregos. No Rio, foram fechadas 137.740 postos entre janeiro e novembro. Em São Paulo, foram registrados 254.040 desligamentos no período.