Mesmo sem ônibus, população lota pontos na expectativa do fim da paralisação
Apesar ter de muita gente precisando de transporte, os mototaxistas reclamam que o movimento de passageiros não está bom, pois as pessoas alegam não ter dinheiro para pagar uma corrida
Mesmo sabendo da paralisação dos ônibus em Salvador, a população acordou cedo nesta quarta-feira (16). As pessoas lotaram os pontos das principais vias de movimento, na expectativa do fim da paralisação dos rodoviários ou uma alternativa de transporte que coubesse no bolso. Segundo os mototaxistas, o movimento de passageiros não está bom, pois as pessoas estão alegando não ter dinheiro para pagar uma corrida.
Foi o caso do mototaxista Everaldo Sacramento, de 32 anos. Ele trabalha na praia, mas aproveita oportunidades como essa para atuar como mototaxista. Ele contou que está na rua desde às 5h40 e, até as 7h, só havia feito uma corrida para o Mercado Modelo. “O movimento tá fraco. O pessoal tá preferindo esperar e aventurar se passa algum ônibus. As pessoas estão dizendo que não tem dinheiro para pagar, que só estão com o cartão do transporte ou R$3”, contou.
Segundo Everaldo, uma corrida entre a avenida Bonocô e a Estação da Lapa custa em média $10. Já entre a Bonocô e o bairro Cabula uma corrida de moto fica entre $15 a $20.
Algumas pessoas conseguiram articular caronas solidárias e fizeram a famosa lotação nos carros dos amigos ou colegas de trabalho. Mas teve gente que também foi pega de surpresa. O auxiliar financeiro Joab Maia, 25, mora na região metropolitana e não ficou sabendo da parada de ônibus. Ele pegou o coletivo metropolitano na cidade onde mora e, ao chegar em Salvador, pegaria outro.
“Como eu não vi o jornal hoje pela manhã, cheguei aqui e fui pego de surpresa. Tô esperando passar um ônibus e até agora nada”, disse Joab, que deveria ter chegado no trabalho às 6h30, no Nordeste de Amaralina. Joab também decidiu esperar mais um pouco antes de optar por uma corrida de mototáxi, por conta do preço.
A parada de ônibus também frustou o estudante do município de Aporá, no nordeste do estado, Álvaro Ferreira, 17 anos. O jovem pretendia prestar o vestibular do Instituto de Tecnológico de Aeronáutica (ITA), marcado para às 6h30, mas acabou perdendo a chance. Ao chegar em Salvador, ele não encontrou ônibus para ir até a Pituba, não tinha dinheiro suficiente para pagar um táxi e estava com receio de pegar um micro-ônibus do sistema complementar e acabar se perdendo. “Eu não conheço a cidade direito. Vou ficar mais um tempo aqui esperando, mas acho que vou ter de desistir mesmo”, lamentou.
Cerca de 300 ônibus do sistema complementar estão circulando em alguns pontos da cidade. Os ônibus das empresas da Região Metropolitana de Salvador também estão circulando normalmente. A previsão é de que os coletivos voltem a circular pela capital baiana à partir das 8h.
O motivo da paralisação, segundo o Sindicato dos Rodoviários, é por mais segurança e pelo pagamento do Plano de Lucros e Resultados (PLR). A categoria também apoiará um ato promovido por centrais sindicais em apoio a presidenta Dilma Rousseff, que acontecerá às 15h, no Campo Grande.
“Queremos mais segurança. Um cobrador foi baleado durante um assalto na Bonocô. Queremos que a polícia esteja mais próxima de nós, ajudando a coibir esse tipo de prática”, explicou o vice-presidente do sindicato, Fábio Primo.
Ontem, o secretário Fábio Mota, titular da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), alertou que as empresas seriam autuadas e poderiam pagar multa de até R$ 400 mil por dia. “Temos contratos com as concessionárias e elas não podem deixar de prestar o serviço à população. Iremos calcular para saber quanto será pago pela hora parada”, explicou o secretário