Mr. Catra será ouvido por suposta relação com traficantes da FDN e prisão não é descartada
O suposto envolvimento do funkeiro Mr. Catra com a facção criminosa Família do Norte (FDN) deu o que falar nas últimas semanas, inclusive, com repercussão nacional sobre o caso. A novidade é que ele pode ser preso por apologia ao crime organizado. O Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) do Amazonas enviou uma carta precatória para Polinter, do Rio de Janeiro, solicitando que o cantor seja ouvido sobre as denúncias.
Recentemente, ele apareceu em um vídeo no qual fez um funk onde homenageia a organização criminosa, que domina o tráfico de drogas de parte da Região Norte. O delegado Guilherme Torres, diretor do DRCO, informou para a reportagem que, durante as investigações, eles tiveram acesso a outros vídeos e fotos onde Catra aparece confraternizando com traficantes, em festas regadas a dinheiro e drogas (muitas drogas). Entre brindes e abraços, não faltou gente envolvida com o crime organizado.
“Fizemos a Verificação Preliminar de Informação (VPI) e tivemos acesso a outras imagens do funkeiro, em momentos em que ele aparece no CDC da Compensa. Conseguimos localizar datas, lugares e pessoas envolvidas”. O EM TEMPO teve acesso ao vídeo. (matéria continua após as imagens).
Mr. Catra será notificado oficialmente pela polícia do RJ e deve prestar esclarecimentos, podendo ou não responder as perguntas que foram enviadas nessa precatória pela DRCO.
“Catra deve ser ouvido na comarca a qual pertence, no caso o Rio de Janeiro, e tem a oportunidade de se defender, apesar de já ter feito uma defesa num vídeo. Se ele não quiser responder as perguntas, aí deverá ser ouvido em juízo”.
Prisão Preventiva
Guilherme afirma que ainda não há motivos para pedir a prisão preventiva do cantor carioca. “Como estamos em processo de investigação, há elementos indicatórios (informação), mas que são diferentes de provas. Só depois de a precatória voltar para Manaus, vamos poder fazer uma nova análise e, assim, poder mandar ou não o pedido de prisão do cantor para Justiça”, finalizou o delegado.
Uma fonte segura, que conhece intimamente a organização e frequentou diversas festas da FDN, conversou com a reportagem e revelou que essa relação entre Catra e os traficantes da Compensa começou há dois anos. Na ocasião, o funkeiro veio a Manaus para fazer um show, que supostamente foi financiado pela facção – que utilizou empresas do bairro para disfarçar a origem ilegal do dinheiro.
Depois do show, Catra foi à Compensa e participou de festas e de um jogo de futebol do time do bairro, o “Compensão” – que é patrocinado pela facção. Foi nesse momento, que segundo a nossa fonte exclusiva, o funkeiro iniciou uma relação mais intima com os traficantes. Ele ficou hospedado na casa de um dos irmãos de Zé Roberto, líder da FDN, e dividiu drogas e até mulheres com o filho dele, Luciano da Silva Barbosa. Os encontros entre os dois e os demais traficantes eram de conhecimento da comunidade. Houve burburinhos sobre a presença de Catra no bairro, inclusive, chegaram a ser publicados em veículos de comunicação local. A polícia, porém, negou o caso.
Ainda segundo a fonte, o funkeiro acabou ficando por uma semana no bairro.
“Catra passeava pelo bairro, ficou na casa dos parentes do Zé Roberto e o Luciano financiava as festas. Ele cumprimentava os moradores e não tinha vergonha em usar drogas. Os traficantes armados exibiam o cantor como se fosse um troféu”.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do cantor, que decidiu não falar sobre o assunto. Logo após a negativa, bloqueou a nossa equipe pelo whatsapp.
Polêmicas
No final do mês de junho, o vídeo mostra Mr. Catra cantando um funk com versos de apologia à FDN, que viralizou em todo o país após o EM TEMPO trazer à tona o caso. Na letra da música, o artista cita nomes de lideranças conhecidas da organização, além de estimular mulheres a se envolver com “os traficas da Compensa”, o que seria uma forma de ganhar “moral” na comunidade. Em outro vídeo, ele pede a soltura de traficantes presos. Por conta disso, o funkeiro foi ameaçado de morte pela facção rival da FDN, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele está proibido de tocar no estado de São Paulo.
Catra estourou no país com músicas falando de sexo e outros temas. No início da carreira, ele já era conhecido por canções de rap cheias de referências a outra facção criminosa carioca, Comando Vermelho (CV), atualmente aliada à FDN no Norte do Brasil.
Fonte: Em Tempo