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28 November 2024

Muitos brasileiros ainda não receberam o décimo terceiro salário

A última vez que o salário do mês entrou na conta do encarregado de obra Diego Alves de Farias, de 28 anos, foi no dia 20 de novembro. Naquela data, a empreiteira na qual trabalha depositou R$ 720, o adiantamento de novembro, que corresponde a 40% do salário. “De lá para cá não pagaram mais nada: nem salário do mês, 13.º, vale-transporte, tíquete-refeição”, conta. A empresa, segundo Farias, alega que não tem obras e o mandou ficar em casa.
No fim do ano, Farias, pai de duas filhas, com quatro e cinco anos de idade, deu um jeito. “Fiz uns bicos de pintura e manutenção e comprei uma bonequinha para cada uma, não deixei passar o Natal em branco.” A festa de Natal, normalmente com amigos e familiares que ocorria na sua casa, não houve. Desta vez, ele foi para casa de um amigo.
No ano novo não foi diferente. Farias não teve condições de alugar uma quitinete na praia para passar uns dias com a família, como sempre fazia. Acabou indo comemorar a virada na casa da cunhada. “Foi a primeira vez que não recebi o 13.º salário desde que comecei a trabalhar registrado. Isso faz 15 anos.”
O aperto pelo qual o encarregado de obra passa é o efeito dominó da situação crítica em setores chaves da economia. Na construção civil, no comércio e na metalurgia, nunca houve um número tão grande de empresas, a maioria de pequeno porte, que viraram o ano sem quitar integralmente o 13.º salário dos funcionários.
“Este foi o ano que começamos com mais atrasos no pagamento do 13.º”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo, Antonio de Sousa Ramalho. Um levantamento feito pela entidade mostra que 2.150 empresas do setor, de um universo de 27 mil, não pagaram integralmente o 13.º salário de 2016. Em 2015, 87 companhias estavam nessa condição.
Ramalho explica que nas mais de 2 mil empresas devedoras estão incluídas aquelas que não pagaram o 13.º ou parcelaram e atrasaram a quitação do benefício acertado com os trabalhadores. “Vamos mover ação contra essas empresas.” Nas contas do sindicalista, o atraso afetou 30 mil trabalhadores da construção civil da Grande São Paulo. Eles viraram o ano sem receber os vencimentos.
Fonte: G1