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25 September 2024

Mulher trans acusada de cobrar por cirurgia no HRT voltará a ser homem, diz igreja

Ruby Lopes era enfermeira na unidade hospitalar e teria cobrado dinheiro de pacientes para acelerar procedimentos cirúrgicos

Acusada de cobrar por cirurgias no HRT foi homenageada pela CLDF ...

Igreja Pentecostal Assembleia do Trono de Deus anunciou, por meio das redes sociais, que uma transexual voltará a adotar a identidade do sexo de nascimento. O material divulgado nas páginas da Trono de Deus indica que Ruby Lopes, nascida como Edson, atualmente com 40 anos, deixará de se comportar como uma mulher e voltará a usar roupas consideradas masculinas.

A “atração” consta no flyer virtual para divulgar a inauguração do templo da entidade evangélica, localizada em Ceilândia, próxima à Feira do Produtor. “Transformação do ex-travesti Ruby da Saúde”, diz o material publicitário ao indicar a possível troca de gênero. O evento está marcado para a próxima quinta-feira (20/8), às 20h.

Ruby é militante antiga da causa LGBTQI+ no Distrito Federal e chegou a ser madrinha de edições da tradicional Parada do Orgulho, realizada para conscientizar e dar visibilidade ao movimento. Contudo, recentemente, foi protagonista de outro episódio: ela foi acusada pela Polícia Civil (PCDF) e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) de vender prioridades de atendimento cirúrgico no Hospital Regional de Taguatinga.

De acordo com os investigadores, a transexual teria se valido da condição de supervisora da emergência e da vulnerabilidade dos pacientes para prometer “furar” a fila de cirurgias. No entanto, as investigações levam a crer que nem sempre ela cumpria a promessa. O inquérito aponta que ela cobrava até R$ 5 mil dos pacientes para antecipar cirurgias que poderiam demorar meses. Áudios mostram a profissional negociando materiais de procedimento cirúrgico por R$ 350.

 

Ao site Guia Gay Brasília, parceiro do Metrópoles, Ruby Lopes – que já foi candidata a deputada distrital e uma das primeiras transexuais a ocupar um cargo na Câmara Legislativa (CLDF) – afirmou estar decepcionada com a comunidade LGBTQ.

“Antes desse episódio, eu era querida por todos. Fui madrinha de Parada em Ceilândia, tinha amigos. Mas quando vieram essas acusações, ninguém veio perguntar a minha versão, veio me dar apoio. Sumiram todos”, disse. “Eu fui procurar apoio. E lá [na igreja] fui recebida de braços abertos. Fui acolhida. O fato é que sem Deus não somos nada”, continuou

Prostituição

Antes de se assumir transexual, Ruby chegou a frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus e quase virou pastor (na época). “Virei travesti, me prostituí. Fiquei nessa vida por pouco mais de um ano e depois virei técnica em enfermagem, depois fiz curso superior”. Ela é concursada da Secretaria de Saúde.

Embora reconheça a legitimidade do panfleto e tenha confirmado a conversão à religião evangélica, Ruby ainda faz mistério se o anúncio pregado pelos pastores confirmará se ela voltará a ser chamada de Edson Lopes, incluindo uma possível cirurgia de mastectomia.

“Hoje, essa sou eu. Não sei o que virá dia 20, mas não deixarei de ser eu. Sou o que sou, sendo Edson ou Ruby. Deus é quem vai decidir”, finalizou.

O Metrópoles tenta contato com os pastores responsáveis pela igreja. A reportagem será atualizada quando houver alguma manifestação.

Fonte: Meteropoles