Museu da Língua Portuguesa não tinha aval dos bombeiros
Prédio foi destruído por incêndio na tarde de segunda. Secretaria Estadual da Cultura diz que obtenção do documento é ‘complexa’
Destruído por um incêndio que provocou ainda a morte do brigadista Ronaldo Pereira da Cruz, de 39 anos, nesta segunda-feira, o Museu da Língua Portuguesa não tinha aval dos bombeiros para funcionar. O chamado Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) não havia sido liberado justamente por causa de incorreções no projeto originalmente apresentado pelo museu para a obtenção do documento auto de vistoria, como dimensão e posicionamento de hidrantes e extração de fumaça. O local também não contava com alvará de funcionamento emitido pela prefeitura de São Paulo.
De acordo com o capitão Marcos Palumbo, porta-voz dos bombeiros, é preciso que a administração do museu faça agora a ‘lição de casa’. “Será necessária a adequação para que, então, o museu apresente novo pedido de vistoria”, afirma. Palumbo diz também que, como é a prefeitura quem regula uso e ocupação do solo, o museu não poderia funcionar sem o alvará municipal. Já a prefeitura informa que há um pedido de alvará de funcionamento do local datado de 6 de agosto, ainda em análise.
Embora não possua alvará, o Museu da Língua Portuguesa dispõe de laudo técnico de segurança apresentado por engenheiros, além de atestados em validade, entre os quais os de brigada de incêndio e elevadores. De acordo com a prefeitura, resta uma última etapa para a emissão do alvará ao museu, a apresentação da documentação da IDBrasil Cultura Educação e Esporte, Organização Social (OS) responsável pela administração do museu desde 2012.
Segundo o secretário estadual de Cultura de São Paulo, Marcelo Araújo, que esteve no local do incêndio na tarde de ontem, o museu possui todo o equipamento necessário ao combate de incêndios. Araújo explicou que, por se tratar de um prédio histórico e compartilhado com a estação da Luz, a obtenção do alvará e do AVCB é “complexa”. “O museu está num prédio histórico, compartilhado com a Estação da Luz. O alvará é único para estação e museu. Na parte do museu não há alvará, mas existem projetos que foram apresentados aos bombeiros e foram implantados”.
Possível curto-circuito – A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros suspeitam que um curto-circuito pode ter deflagrado o incêndio no Museu da Língua Portuguesa, que foi inaugurado em 2006, após investimentos de 37 milhões de reais.
Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Milton Persoli, funcionários da instituição relataram ao órgão que o fogo começou quando era realizada a troca de uma luminária, o que pode ter desencadeado o curto-circuito. “Eles disseram que tiraram a luminária e quando foram colocar outra, já estava pegando fogo”, afirmou. Ele, no entanto, ponderou que a causa do incidente só poderá ser confirmada com a conclusão dos laudos técnicos.
Persoli também disse que os danos causados pelo incêndio podem não ter comprometido a estrutura do prédio. Equipes do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) foram ao local para fazer uma vistoria nas instalações. Existe a preocupação de que a movimentação de trens no local possa abalar a estrutura já danificada pelo fogo. Por isso, a Estação Luz da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) permanece fechada nesta manhã. Segundo Persoli, a normalização da circulação “não deve acontecer tão cedo”.