Musical baseado em obras de Chico Buarque é cancelado após protesto de ator contra Lula e Dilma
Claudio Botelho deixou plateia irritada e disse ainda que ‘ator não pode ser interrompido por um negro’
A sessão do musical ‘Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos’ terminou em confusão na noite de sábado (19), em Belo Horizonte, e teve que ser cancelado.
O ator e diretor Cláudio Botelho, que divide a direção com Charles Möeller, estava em cena e resolveu fazer um improviso, no qual criticou Lula e Dilma, e deixou a plateia do teatro Sesc Palladium irritada.
Segundo informações do jornal ‘Estado de Minas’, perto da metade do espetáculo, o personagem de Botelho diz “era a noite do último capítulo da novela das oito”. Mas Botelho resolveu acrescentar e falou: “era também a noite em que um ex-presidente ladrão foi preso”. Ele citou ainda “uma presidente ladra”.
Parte do público reagiu com vaias e gritos de “não vai ter golpe!” e “Viva, Chico!”. Chico Buarque, inspirador do musical, é apoiador do governo do Partido dos Trabalhadores (PT).
Botelho, então, teria respondido: “ah, não vai ter golpe, então vamos continuar o espetáculo e depois vamos ver se vai ou não ter golpe”. Por meio de sua assessoria, Chico Buarque se manifestou dizendo que não vai mais autorizar o uso de suas canções no espetáculo.
Racismo
Em um áudio vazado do ator, durante uma discussão com a atriz Soraya Ravenle, nos bastidores do espetáculo, Botelho disse: “o artista no palco é um rei! Não pode ser peitado. Não pode ser interrompido por um nego, por um filho da puta!”.
Ainda no áudio, o ator compara o episódio da noite deste sábado com a Ditadura Militar. “Em 68, os militares pararam ‘Roda viva’. Hoje, os petistas pararam ‘Roda viva’!”. Por causa dessa fala, Botelho está sendo acusado de racismo.
Em entrevista ao jornal ‘O Globo’, no início da tarde deste domingo, Botelho disse ter feito a “brincadeira” em outra cidades, mas essa foi a primeira vez que teve essa reação do público. O ator e diretor disse estar muito abatido com o ocorrido. Ele disse que se sentiu censurado com a reação.
Cancelamento
De acordo com o ‘Estado de Minas’, a polícia foi chamada pela produção do espetáculo, sob a justificativa de que o protagonista se sentia “coagido em seu camarim” e temia ser “agredido fisicamente”. Três viaturas foram deslocadas para a porta do teatro, por volta das 22h30m.
O jornal ‘O Globo’ afirmou que parte do público tentou pedir reembolso do valor pago nos ingressos, que custavam entre R$ 25 e R$ 100. A direção do Sesc confirmou que o valor será restituído a todos que compareceram ao espetáculo.
Uma nova sessão da peça estava marcada para este domingo (20), mas também foi cancelada. Pelo Facebook, a direção do Sesc Palladium comentou o caso:
“Esclarecemos que o Sesc em Minas, a Pólobh e demais instituições envolvidas são apartidárias. Compreendendo o momento pelo qual o país passa atualmente e primando pela segurança de todos, a sessão prevista para este domingo (20/03) está cancelada. Os valores pagos pelos ingressos serão integralmente devolvidos”.