‘Não temos medo de Bolsonaro e vamos enfrentá-lo’, diz Gleisi
A exortação de Jair Bolsonaro à libertação do socialismo em discurso no parlatório do Planalto fisgou o PT. “Todo governo que não tem projeto precisa de um inimigo a ser combatido. Nós somos o do Bolsonaro, mas não temos medo e vamos enfrentá-lo”, diz Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela ironiza a escolha retórica do presidente e diz que ele estreou sem mostrar o que fará com o país. “Temos 15 milhões na miséria, não universalizamos nem a educação básica. Onde está o socialismo?”.
A presidente do PT vai reunir os líderes da sigla no Congresso, a cúpula da Fundação Perseu Abramo e a do Instituto Lula no dia 14 de janeiro para começar a discutir a linha de atuação diante da ascensão de Bolsonaro. “Oposição é oposição”, avisa Gleisi.
Dirigentes de partidos que estão alinhados aos interesses de Bolsonaro reconheceram, em privado, que ele deixou a desejar ao não listar medidas ou dialogar com problemas concretos, como o desemprego.
Na posse, o presidente repetiu estratégia que adotou durante a campanha e também logo após ser eleito, fazendo discursos com tons e alvos diferentes. Ele agradou a política ao dizer que quer governar com o Congresso e falando em união. Depois, fez fala exaltada para o núcleo duro de sua base no parlatório.
Considerando as duas falas da posse, Bolsonaro pronunciou a palavra “Deus” por 12 vezes. “Ideologia” e variantes foram mencionadas nove vezes. Outro termo muito usado pelo presidente foi “família”: sete vezes.
Assim que Bolsonaro terminou seu discurso, alguns convidados sem acesso ao salão em que o presidente empossou seus ministros pararam um segurança perguntando se não havia “coxinha ou um salgadinho”.