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25 November 2024

“Não tenho esse dinheiro”, dispara Jean Wyllys sobre falsa acusação de enriquecimento; leia desabafo

Jornal carioca diz que baiano teve crescimento patrimonial de 222%.

Foto: Divulgação

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) ficou indignado após ser acusado pelo jornal O Dia de ter supostamente enriquecido nos últimos quatro anos de mandato. Segundo a publicação em uma reportagem que destacava a evolução patrimonial dos candidatos cariocas, o parlamentar baiano teria aumentado o patrimônio em 222%.

“É falso! Nenhum jornalista de O Dia ligou para mim ou para a minha assessoria para checar essa informação antes de publicá-la, o que é uma regra básica de ética da nossa profissão — eu sou jornalista, e estou deputado — e também não conferiram as minhas declarações do Imposto de Renda, que comprovam que a informação publicada é mentirosa”, disparou o parlamentar no Facebook.

Wyllys esclarece que parcelou a compra de um apartamento no valor de R$ 760.000, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e que ainda deve R$ 713.184,07 aos bancos pelo financiamento. “Eu não tenho esse dinheiro. […] Infelizmente, a justiça eleitoral só divulga na internet o valor do apartamento, mas não a dívida, de modo que fica parecendo que eu tivesse comprado esse apartamento à vista, o que seria impossível com o meu salário”, completou.

Minutos depois do desabafo de Wyllys na rede social, o O Dia divulgou uma atualização na página oficial do jornal na web para esclarecer aos leitores. “Todos os dados desta matéria ‘foram retirados do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme a declaração entregue por cada candidato. As informações publicadas sobre a evolução patrimonial de Jean Wyllys (Psol-RJ) foram baseadas nas declarações apresentadas pelo deputado à Justiça Eleitoral nas eleições de 2010 e de 2014. Em nenhum momento, o deputado especificou que a compra do apartamento em Copacabana, que apareceu na declaração deste ano, foi fruto de financiamento”, declara a publicação no texto.

Leia a íntegra do desabafo do deputado:

“O JORNAL O DIA MENTE: MEU PATRIMÔNIO NÃO AUMENTOU!

Começou a campanha e, com ela, as mentiras e difamações. Eu sempre digo, e vou repetir mais uma vez: não acredite em tudo o que você lê nos jornais ou nas redes sociais; procure confirmar as informações antes de compartilhar ou repassar para outras pessoas, ou você será manipulado por aqueles que querem desprestigiar as pessoas honestas que lutam pelos seus direitos, para beneficiar os ladrões que nos roubam há tanto tempo.

O jornal O Dia publicou hoje uma matéria desonesta e de má fé que diz que eu tive, nos últimos quatro anos, desde que sou deputado, uma evolução patrimonial de 222%. É falso! Nenhum jornalista de O Dia ligou para mim ou para a minha assessoria para checar essa informação antes de publicá-la, o que é uma regra básica de ética da nossa profissão — eu sou jornalista, e estou deputado — e também não conferiram as minhas declarações do Imposto de Renda, que comprovam que a informação publicada é mentirosa. Eu tenho um compromisso de verdade com a transparência e sou um deputado honesto que vive do seu salário. Não tenho nada a esconder! Não faço política para me enriquecer, mas para lutar pelos direitos do povo!

Qualquer pessoa com um mínimo conhecimento de contabilidade (ou mesmo de matemática) sabe que para comparar uma declaração de bens de 2010 com outra de 2014, além de comparar os ativos, devem ser comparados os passivos. Vou dar um exemplo: se você compra uma casa com um crédito da Caixa Econômica a pagar em 20 anos, a declaração de bens aumenta, porque passa a contar o valor dessa casa, mas a declaração de dívidas também aumenta, pelo mesmo valor, porque conta o valor do empréstimo. Você já tem a casa, mas ainda não pagou por ela! Foi exatamente isso que eu fiz!

Qual foi a burrice (ou má fé) do jornal O Dia? Eles se basearam apenas na informação publicada no site do TSE. Esqueceram de explicar aos leitores que, diferentemente da declaração do IR, que contém os bens, os ingressos e as dívidas, a informação que o TSE publica sobre os candidatos (daí eles tiraram os dados para fazer a conta) só inclui os bens. Aí parece que eu tivesse pagado à vista pelo apartamento onde eu moro. Mas eu não tenho esse dinheiro!

Até ano passado, eu morava num apartamento alugado em Copacabana, na rua Domingos Ferreira. Um apartamento simples de um profissional de classe média, nada demais. Quando o contrato de aluguel acabou, a proprietária queria aumentar o valor do aluguel consideravelmente (como deve ter ocorrido a muitos de vocês, pela especulação imobiliária). Portanto, eu decidi financiar a compra de outro apartamento de características semelhantes, no mesmo bairro, com empréstimos da Caixa Econômica e do Banco do Brasil — como milhares de brasileiros fazem! Eu vou passar quase 20 anos pagando as parcelas mensais desses empréstimos, que somam um valor semelhante ao que eu deveria pagar de aluguel se renovasse o contrato. Ou seja, eu continuo gastando o mesmo que antes, só que em vez de pagar aluguel, agora pago as parcelas do financiamento.

Infelizmente, a justiça eleitoral só divulga na internet o valor do apartamento, mas não a dívida, de modo que fica parecendo que eu tivesse comprado esse apartamento à vista, o que seria impossível com o meu salário. Mas um jornalista não pode se basear apenas nessa informação! Não é à toa que a gente estuda quatro ou cinco anos na faculdade e aprende as regras do trabalho jornalístico!

Na minha declaração de bens apresentada em 2014 à justiça eleitoral consta o seguinte:

(1) Imóvel em Salvador: R$ 240.000

(2) Residência em Copacabana: R$ 760.000

(3) Imóvel em Alagoinhas: R$ 120.000

(4) Carro VW Fox 2010: R$ 59.488,20

(5) Depósito na Caixa Econômica Federal: R$ 13.347,44

O imóvel (1) é um apartamento na cidade de Salvador, adquirido em 2006, muito antes de eu ser deputado, e o imóvel (3) é uma casa em Alagoinhas Velha, adquirido ainda antes, em 2005, onde a minha mãe mora. Como vocês sabem, eu nasci em Alagoinhas e, já adulto, fui fazer o curso de jornalismo na UFBA, em Salvador. Ambos imóveis já constavam na declaração de 2010. O carro (4) foi adquirido em 2010 com um crédito em 60 parcelas de R$ 991,47 cada, e substituiu o carro que eu tinha antes (que consta na declaração de 2010), um Cross Fox 2007, com valor de R$ 50.000 (ou seja, quase o mesmo que valia o que eu tinha antes), que eu vendi.

Portanto, a única propriedade realmente nova é a residência onde eu moro (2), um apartamento situado na rua Belford Roxo, em Copacabana, adquirido no último ano por um valor de R$ 760.000. Até ano passado, eu morava num apartamento alugado, na rua Domingos Ferreira, no mesmo bairro. A compra do apartamento da rua Belford Roxo foi financiada com três empréstimos: (a) Banco do Brasil, R$ 87.333,44, (b) Banco do Brasil (empréstimo consignado), R$ 181.043,90, (c) Caixa Econômica Federal, R$ 760.000. Os dois empréstimos do Banco do Brasil serviram para antecipar parte das parcelas do empréstimo da Caixa. Em total, eu ainda devo R$ 78.598,86 do empréstimo (a), R$ 117.815,45 do empréstimo (b) e R$ 516,769,76 do empréstimo (c).

Isso quer dizer que dos R$ 760.000 de evolução patrimonial pela compra do apartamento da rua Belford Roxo, eu ainda devo R$ 713.184,07 aos bancos pelo financiamento contratado. Como milhares de brasileiros, adquiri um imóvel financiado pelo banco e ainda passarei muitos anos pagando as parcelas, por um valor semelhante ao do aluguel que pagaria se ainda alugasse.

Ou seja, para ser bem claro e objetivo: meu patrimônio não aumentou! Tenho uma propriedade a mais e uma dívida que assumi para comprá-la! Tudo isso está devidamente documentado e eu declarei tanto as propriedades quanto as dívidas na minha declaração do Imposto de Renda! Se os jornalistas de O Dia tivessem um mínimo de ética profissional, deveriam ter me procurado antes de publicar essa matéria difamatória e eu teria enviado a eles todos os documentos que comprovam a verdade.

Mas alguns jornalistas, em vez de procurar a verdade dos fatos, só buscam uma manchete para fazer sensacionalismo e atacar pessoas honestas. Infelizmente, eles não têm o mesmo empenho para investigar os patrimônios dos verdadeiros corruptos!

E me colocam na mesma lista com Garotinho! É demais, né?”