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23 November 2024

‘Ninguém iria matá-lo sem a permissão dela’, diz mãe do pastor Anderson sobre Flordelis

Maria Edna do Carmo não hesita em responder as primeiras coisas que vêm à sua cabeça quando lembra do filho, o pastor Anderson do Carmo, assassinado a tiros dentro de sua casa, em Pendotiba, Niterói, no dia 16 de junho. “O sorriso dele, lindo, e o abraço forte que ele me dava. Tenho muita saudade desse abraço. Nunca mais terei isso”, emociona-se. Moradora de São Paulo, Edna esteve no Rio há duas semanas e conversou com o EXTRA. Ela afirma ter certeza da participação de sua nora, Flordelis dos Santos, no crime, e diz que a deputada vem tentando incriminar o vereador Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, um dos filhos afetivos. “Ela quer tirar o corpo fora colocando a culpa no filho”, dispara Edna. Outros dois filhos da deputada – Lucas e Flávio – são réus pelo assassinato de Anderson.

Procurada, Flordelis negou as acusações feitas por Edna: “Não há nada nesse episódio que prove o que ela está dizendo. As investigações estão entregues à polícia e à Justiça, que no final provarão quem foi efetivamente o culpado e qual foi o motivo. Eu não teria motivo nenhum para isso”, afirmou a deputada em nota.

A morte do Anderson completa 4 meses em alguns dias. O que a senhora está achando do trabalho da polícia?

Acho que estão demorando muito a terminar essa investigação. Agora, está muito lento. Queria que as coisas se resolvessem mais rápido. Minha família está sofrendo muito. Queremos saber por que mataram o Anderson.

A senhora teve algum contato com a Flordelis após o crime?

Depois do enterro, não. Ela não me procurou. Mas cheguei a um ponto de não querer que ela me ligue mais ou me procure. Não quero ter contato com ela nem com ninguém de lá (da casa). Só queria meu filho vivo. Por que ela fez isso com ele?

A senhora acredita no envolvimento de Flordelis na morte de Anderson?

Tenho certeza. Nada do que ela fala é verdade. É tudo mentira. Ela distorce tudo. Por que ela não fala a verdade? Está com medo do quê? Ela acabou com a vida da minha família.

O que leva a senhora a ter certeza da participação de Flordelis no crime?

Ninguém iria matá-lo naquela casa sem a permissão dela. Se ela falasse que não, isso jamais aconteceria.

Por que seu filho foi morto? A senhora imagina qual foi a motivação do crime?

Até hoje, não sei. Realmente não imagino o que tenha acontecido. É isso que eu quero saber. Não só eu, mas o Brasil todo. Por que mandaram matar meu filho?

O Anderson relatou algum problema recente no casamento?

Ele me ligou durante todo o mês de maio. Eu perguntava a ele o motivo para aquelas ligações, quis saber se estava tudo bem com ele. Senti que havia algo acontecendo e perguntei se estava tudo bem no casamento. Ele falou que não sabia, não quis falar muito sobre isso. Senti que eles não estavam bem, mas não sei o que estava acontecendo.

O Anderson relatava que não estava bem de saúde, que vinha se sentindo mal com frequência?

Ele falava, sim. Contava que passava mal quando comia em casa. Acabava vomitando tudo que comia. Mas ele não gostava de ir a médico nem de tomar remédio. Só depois do que aconteceu fui saber que estavam colocando remédio na comida dele na casa. Já queriam matar meu filho há muito tempo. Hoje, eu só quero saber o motivo.

Recentemente, Flordelis apresentou uma carta, que disse ter recebido de Lucas (um dos filhos da deputada que são réus no caso). Ele mudou toda a sua versão do crime. O que a senhora achou dessa carta?

O Lucas mal sabia escrever. Como pode ter escrito essa carta? Queremos saber de onde que isso surgiu.

Na carta, o Lucas acusa um dos irmãos, o Misael, de ser o mandante do crime.

Misael não tem nenhum envolvimento na morte do Anderson. Vou defendê-lo até o fim. Isso é absurdo.

Por que a senhora acredita que estão acusando o Misael?

Ela (Flordelis) quer tirar o corpo fora e acusar o Misael. Isso foi tudo armado. É triste porque o Misael ajudou demais a mãe, está com ela desde o começo. O menino ia lá para o Ceasa conseguir comida para as crianças da casa comerem. O Misael ajudou a tirar a mãe da lama.

Quando o Anderson começou a se relacionar com a Flordelis, ele tinha 14 anos e ela, 30. Como a senhora via esse relacionamento?

Meu filho era muito jovem e ela era uma mulher já com três filhos. Eu ficava muito preocupada. Teve um momento que ele começou a frequentar a casa dela e voltava para casa cada vez menos. A casa era cheia de gente, adolescentes, crianças (acolhidos pela Flordelis). Era uma bagunça.

A senhora tentava levá-lo de volta para casa?

Sim. Às vezes, conseguia. Mas ele passou a voltar cada vez menos. A casa (da Flordelis) era pequena. Dormia todo mundo junto, amontoado. Na minha casa tinha tudo pra ele. Eu ficava em casa sofrendo, chorando. Aquilo cortava meu coração. E ele naquela zona. Eu perguntava ao meu filho se ela tinha feito a cabeça dele. Ele dizia que depois eu entenderia. Entendi, olha aí. Meu filho está morto. Tudo que eu fiz pelo meu filho foi em vão.

E a senhora dizia que era contra o relacionamento dele com a Flordelis?

Eu não gostava de falar para ele para não magoá-lo. Meu filho realmente achava que o lugar dele era ali, ao lado dela, com todos aqueles filhos. O Anderson dedicou a vida dele a essa família e era muito feliz. Algo que nunca entenderei é o porquê de terem feito isso com meu filho. Ele e a Flordelis poderiam ter se separado, cada um seguiria a sua vida.

A senhora tinha boa relação com a Flordelis? Em entrevista à imprensa, ela disse que sim.

Não tinha problemas, mas agora vejo que na nossa frente era uma coisa e, por trás, era outra. A gente não sabe mais o que era fingimento, mentira, e o que não era. Estamos conhecendo a verdade agora. E ela continua na igreja, pregando. Não consigo entender como. Que amor era esse que acabou com a vida do meu filho? A morte do meu filho me deixou cheia de problemas de saúde. Eu só quero uma resposta para o que aconteceu com meu menino. Só isso que quero.