‘Nunca vi uma autoridade no Brasil dizer que foi atendida por um médico cubano’, diz Bolsonaro
O presidente eleito Jair Bolsonaro falou nesta sexta-feira (16) sobre a saída dos médicos cubanos do País. Ele voltou a criticar os termos do acordo com Cuba no Mais Médicos, que prevê o repasse direto ao governo caribenho de 70% dos salários dos profissionais de saúde. Repetiu que a situação dos profissionais de saúde cubanos é “praticamente de escravidão” e questionou a qualidade dos serviços prestados.
“Nunca vi uma autoridade no Brasil dizer que foi atendido por um médico cubano. Será que devemos destinar aos mais pobres profissionais, entre aspas, sem qualquer garantia de que eles sejam realmente razoáveis, no mínimo? Isso é injusto, é desumano”, disse o presidente eleito.
Ao ser questionado por uma jornalista sobre uma eventual situação crítica à população mais carente por conta da ausência dos médicos cubanos, Bolsonaro foi direto: “vamos falar em direitos humanos? Quem diria? Tanta crítica eu sofri. Talvez você seja mãe, imaginou ficar longe de seus filhos por um ano? É essa situação praticamente de escravidão que estão sendo submetidos os médicos cubanos. Imaginou confiscar 70% de seus salário?”.
Bolsonaro defendeu ainda o Revalida, exame presencial de validação do diploma de médicos incluídos no programa. “O que temos ouvido, em muitos relatos, são verdadeiras barbaridades. Não queremos isso para ninguém no Brasil, muito menos para os mais pobres. Queremos o salário integral (dos médicos cubanos) e o direito (deles) de trazer a família para cá. Isso é pedir muito? Isso está em nossas leis, que estão sendo desrespeitadas”, resumiu Bolsonaro antes de encerrar a entrevista, que durou menos de cinco minutos.
O presidente eleito também não deixou de alfinetar a ex-presidente Dilma ao citar a questão do asilo político: “há quatro anos e pouco, quando foi discutida a Medida Provisória (que criou o Mais Médicos), o governo da senhora Dilma (Rousseff) disse, em alto e bom som, que qualquer cubano que, por ventura, pedisse asilo, seria deportado. Se eu for presidente, o cubano que pedir asilo aqui, (que) se justifica pela ditadura da ilha, terá o asilo concedido da minha parte”.