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7 October 2024

Os Sinais de que uma Pessoa está Usando Esteroides

Ethan Benda está acostumado a ser alvo de suspeitas. Dada a sua idade (41) e sua condição física (sarado), ele entende por que as pessoas que não o conhecem bem, assumem que ele faz uso de esteroides.

Normalmente, os usuários de esteroides não dão muita bandeira, mas ainda há maneiras de saber se alguém anda “turbinando” seu treino (Imagem: Thinkstock)

“Minha aparência aos 40 estava melhor do que aos 20, então muita gente pensava que eu tomava alguma coisa”, diz ele.

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A experiência ensinou Benda — um personal trainer que mora no Kansas, Missouri, e participa de competições de jiu-jutsu e fisiculturismo natural — a ser cauteloso na hora de julgar os outros.

Isso se aplica aos seus clientes também, muitos dos quais estão na meia idade e receberam recomendações de seus médicos para fazerem terapia de reposição hormonal. “Pode ter certeza”, ele diz, “geralmente, você não suspeita que uma pessoa está fazendo reposição hormonal”.

A testosterona receitada para este fim não é suficiente para mudar o corpo de forma visível. Mas ela dá energia para fazer os exercícios, e promove uma recuperação mais rápida. Isso, combinado a uma melhora no humor e um aumento na atividade sexual, é tudo que os clientes querem das drogas.

“A maioria está apenas procurando uma forma de se sentir bem, sem necessariamente ficar bombado”, diz Benda. Por isso, “eles compram seus produtos na farmácia e usam como se deve”. Mesmo assim, aqueles que estão usando as drogas da indústria da força, podem passar despercebidos.

“De todas as pessoas que eu já vi admitirem o uso de esteroides, diria que 90 por cento nem sequer parecem fisiculturistas”, diz Michael Scally, M.D, um médico que já tratou mais de mil usuários de esteroides, acompanhou o trabalho de outros profissionais pelo mundo e muito mais. “Eles não têm 6-8% de gordura corporal e não são enormes. São homens de 20, 30 e 40 anos que usam esteroides apenas para entrar em forma mais rápido”.

Vamos começar com o óbvio: é fácil dizer se alguém está usando esteroides com êxito. Harrison Pope, M.D, professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina de Harvard, desenvolveu o índice de massa corporal livre de gordura (FFMI, na sigla em inglês).

É um cálculo de altura, peso e percentual de gordura que dá uma ideia do quão perto você está do seu limite fisiológico máximo (calcule o seu aqui).

Este cálculo surgiu após anos estudando usuários de esteroides em academias de Boston e comparando-os não apenas com atletas não-usuários destas mesmas academias, mas também com fisiculturistas de épocas diferentes.

Para um estudo de 1995, Pope e seus colegas estimaram o FFMI dos vencedores do concurso Mr. América de 1939 a 1959, época em que os esteroides não eram tão disponíveis. O grupo incluía Steve Reeves, cujo físico era tão icônico que seu nome apareceu na comédia musical The Rocky Horror Picture Show. A média de FFMI foi de 25,4. (Um dos mais altos foi George Eiferman, Mr. América de 1948, com um FFMI de 27,7. A parte superior do seu corpo foi modelo para George, o Rei da Floresta, um personagem de desenho animado dos anos 60).

Até hoje, com tudo que aprendemos sobre treinamento e nutrição, um FFMI na casa dos 20 e poucos ainda é considerado o limite máximo para os fisiculturistas naturais. Qualquer coisa acima de 26 ou 27, é suspeito.

Então essa é a melhor aposta possível: se você conhece alguém que é extremamente magro, mas substancialmente maior do que os campeões de musculação da era pré-esteroides, pode desconfiar.

Mas só porque alguém está abaixo de 25 não significa que ainda não tenha chegado na sua melhor forma. Em um estudo de 2011, Pope e seus colegas descobriram que o FFMI médio de usuários de esteroides é de 23.3, não muito maior do que a média de 22.8 dos não usuários. O estudo incluiu atletas que também usaram hormônios de crescimento humano e/ou IGF-1, além de esteroides. O FFMI deste grupo tinha uma média de 26.2.

Ou seja, se você quer um físico que só é possível com esteroides, provavelmente precisará usar mais do que apenas esteroides.

A pesquisa de Pope também mostra a clara diferença entre usuários e não-usuários. Os esteroides, preferencialmente, aumentam o tamanho dos músculos que se unem às articulações do ombro: os dorsais, trapézio, o peitoral e os músculos superiores do braço (curiosamente, são os mesmos lugares nos quais a acne induzida pelos esteroides aparece).

Atletas com trapézios de um tamanho fora do normal, quase sempre contam com um apoio farmacêutico.

Efeitos Colaterais

Até agora, nós só analisamos os efeitos intencionais do uso de esteroides e somente em atletas que os utilizaram com sucesso. Mas, frequentemente, a maioria dos sinais mais óbvios são os mais indesejados.

Um exemplo dado por experiência própria: em meados dos anos 90, quando abri as portas da minha academia em Los Angeles, ouvi uma pessoa cuja voz estava uma oitava abaixo da minha, falando em um telefone no corredor.

Eu não pensei em nada na hora, até que percebi que a pessoa em questão era Heather Tristany, uma fisiculturista de competição (e mais tarde, uma atriz pornô, como eu descobri quando pesquisei o nome dela).

As drogas que engrossaram as cordas vocais de Heather, dando a ela uma voz máscula, músculos impressionantes e uma mandíbula cinzelada são tecnicamente conhecidas como EAA, esteroides anabólico-androgênicos. São químicos derivados da testosterona, o que explica os recursos anabólicos (aumento da musculatura), bem como os efeitos androgênicos (masculinização).

Assim que você der testosterona ao seu corpo, ele irá parar de produzi-la. Isso fica mais aparente abaixo da cintura. Ao contrário do corpo humano como um todo, que tende a ganhar peso quando não tem nada para fazer, os testículos encolhem.

Aumentar drasticamente a quantidade de testosterona em seu corpo significa que parte dela será convertida em outros tipos de hormônios esteroides, como o estrogênio. Isso pode levar à ginecomastia — um acúmulo de tecido glandular mamário atrás do mamilo.

A testosterona também pode se converter em diidrotestosterona, um químico associado à calvície e ao crescimento não canceroso da próstata (hiperplasia benigna da próstata, ou HBP).

Mas os sinais mais aparentes do uso de esteroides são aqueles que você não pode ver.

A Prova de Fogo

Scally seguiu um caminho incomum durante suas experiências com esteroides. Tudo começou quando aos 35, sua cintura media 100 centímetros. Ele se lembrava de um aviso que tinha ouvido na faculdade: conforme você envelhece, sua saúde fica em risco se a circunferência da sua cintura for superior à sua idade. Isso o levou até a academia, onde ele começou a ouvir um monte de perguntas sobre esteroides.

Ninguém estava perguntando como usá-los — como anestesista, ele sabia menos sobre isso do que os menos iniciados no assunto — mas sim como lidar com as consequências do uso. Segundo ele, a pergunta mais relevante que fizeram foi “como meu corpo ficará quando eu largar os anabolizantes?”

Até onde se sabia nos anos 90, os usuários de esteroides que retornavam à produção hormonal regular, restaurariam seu equilíbrio físico e emocional. Scally, no entanto, percebeu que isso não era tão simples ou previsível.

Muitos deles sofriam com um problema clínico que hoje é reconhecido como hipogonadismo. Os sintomas incluem a perda muscular e de força, ganho de gordura, perda óssea, falta de sono, disfunção sexual, depressão, irritabilidade e fadiga. Como o corpo parou de produzir esperma, os ex-usuários de esteroides costumam ficar estéreis por meses e até anos, após suspenderem o uso.

Às vezes, diz Scally, isso denuncia para um médico ou amigo próximo que uma pessoa usou esteroides: ele e sua esposa estão tentando começar uma família, mas não conseguem ter filhos, especialmente se ele está estéril e tem os testículos encolhidos, ou tem ginecomastia e/ou acne após a adolescência.

Mas pode haver outras explicações para alguns destes problemas. A acne e a infertilidade não se limitam aos usuários de esteroides, e a ginecomastia ocorre em cerca de 50% dos garotos no início da puberdade. Ela desaparece na maioria dos casos, mas fica para sempre em alguns.

A melhor comprovação é um exame de sangue. “Se você encontrar o hCG, pode apostar que a pessoa está usando esteroides anabólicos”, diz Scally. O hGG (gonadotrofina coriônica humana) é um hormônio produzido por mulheres grávidas, comumente usado para desencolher testículos e restaurar níveis de testosterona.

O Teste do Globo Ocular

É claro que ninguém vai atrás do exame de sangue de cada pessoa da academia, suspeita de usar esteroides. Eu também imagino que ninguém vai ficar olhando para os testículos ou peito alheios, em busca de sinais. Haja curiosidade! Na verdade, ao pesquisar no Google, verifiquei que “saber se alguém usa esteroides” é uma das buscas mais procuradas, logo após “saber se alguém está mentindo”, e antes de “saber se alguém gosta de você”, ou “usa drogas”.

Então, o que os curiosos de plantão devem procurar?

Segundo Benda, “um progresso fora do normal é sempre o indicador mais óbvio”. “Depois de três anos de treino, a capacidade de ganhar massa muscular cai significativamente. Se alguém me disser que ganhou 11 quilos de massa magra em um ano, sei que esta pessoa ou está mentindo, ou começou a malhar agora ou está tomando esteroides”.

Outra coisa: fique de olho naqueles atletas que parecem fisiculturistas prontos para um concurso a qualquer momento ou capas de revista, que nunca ganham gordura ou perdem musculatura. (descubra neste artigo como é realmente manter este tipo de físico o ano todo).

Mas nem isso é uma garantia. É sempre possível que a pessoa seja uma aberração genética. Benda diz que conheceu uma pessoa que exibia todos os sinais de uso de esteroides em seus últimos 15 anos de treino, mas não usava nada. “Ele nunca ficava cansado, ganhava massa facilmente e ficava magro o ano todo. Mas este é um caso entre as centenas de atletas que eu já treinei. É muito raro”.

No entanto, há uma maneira mais sorrateira de saber se a pessoa toma esteroides: converse com ela sobre o assunto. “Normalmente, o usuário de esteroides anabolizantes é muito melhor informado sobre os andrógenos do que a maioria dos médicos”, diz Scally.

A menos que o sujeito seja médico, você pode imaginar que seu profundo conhecimento sobre hormônios masculinos tenha surgido pelo seu interesse no assunto