Pacientes de Covid-19 sofrem com as sequelas da queda capilar
Dores no corpo, alteração no paladar e olfato, cansaço e até perda da memória são alguns dos sintomas mais comuns entre os pacientes do coronavírus.
Mas eles não são os únicos. Em todo o mundo, há casos de variações no impacto do vírus no organismo, ao ponto de alguns pacientes reagirem de maneiras distintas a doença.
Este é o caso de duas moradoras da região de Itapetininga (SP) que acabaram se deparando com a queda de cabelos como uma das sequelas da Covid-19.
A técnica de enfermagem Kelly Cristina Mendes Santos conta que tinha passado por um tratamento contra a depressão e que vinha se recuperando. Mas a Covid-19 complicou as coisas.
Além de obrigar o isolamento social, casou a queda capilar. A paciente conta que se olhar no espelho ficou mais difícil.
“O sentimento de uma mulher olhar e ver que está perdendo o seu cabelo é muito triste. O primeiro sentimento que eu tive é de chorar”.
Para a advogada Thalita Lucarelli, que teve a mesma sequela, a mudança mexeu com a sua autoestima. “Foi muito complicado porque o cabelo para mulher é fundamental. É como ela se expressa como está se sentindo no dia a dia”, comenta.
De acordo com a dermatologista Kátia Takahashi, as queixas de pacientes sobre queda capilar aumentaram bastante depois da pandemia. São pessoas que viram o cabelo cair de repente.
Ela comenta que a gravidade dos sintomas da Covid-19 determina como e quando o cabelo pode cair.
É uma queda abrupta que chamamos de eflúvio telógeno. A pessoa tem a Covid e, geralmente, depois de um mês já começa a ter a queda de cabelo acentuada. Isso depende do grau que a pessoa teve o Covid, se for um nível muito inflamatório , com muita liberação de citocinas inflamatórias, muito estresse e liberação de carga viral, essa queda de cabelo pode começar às vezes com trinta dias, ou pode começar com dois a três meses que é o que vemos aqui no consultório.
A boa notícia, no entanto, é que o problema é temporário. Para quem prefere não esperar também há tratamentos que amenizam a queda. Kátia comenta que é preciso se lembrar que está condição tem um fim: “pode demorar alguns meses. De três, até seis meses, mas é importante o paciente saber que esta queda vai melhorar”, comenta.
Kelly e Thalitta estão tomando vitaminas e usando produtos para recuperar a saúde capilar.
Estresse e mudança na rotinaApesar do efeito físico, a dermatologista também explica que a queda capilar nos pacientes também pode estar associada a preocupação que a doença traz. Por exemplo, a de como o seu organismo vai reagir ao coronavírus.
De acordo com o psicólogo Gupi Munhoz, quando os seus recursos não são suficientes para lidar com o trauma, a resposta de estresse do organismo persiste fazendo com que o corpo comece a sentir sintomas físicos.
O estresse também não é exclusividade de quem foi contaminado pelo novo coronavírus. As mudanças de rotina e os prejuízos da pandemia podem causar efeitos físicos em qualquer pessoa. O tratamento, por sua vez, pode estar mais perto do que se imagina.
“Uma das formas de lidar é buscar recursos dentro da rede de apoio em que a pessoa está inserida. Familiares, amigos e as pessoas com quem o paciente tem uma relação mais próxima”, comenta o psicólogo.
Fonte: G1