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26 September 2024

PF prende em Brasília ex-governador de Tocantins Marcelo Miranda (MDB)

O ex-governador de Tocantins Marcelo Miranda (MDB) foi preso pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (26/9), em Brasília. O emedebista é alvo da Operação 12º Trabalho, que visa desarticular organização criminosa envolvida em várias investigações da corporação, como a Lava-Jato e a Reis do Gado. Estima-se prejuízos de mais de R$ 300 milhões.

De acordo com a PF, o grupo é suspeito “de manter um sofisticado esquema para a prática constante e reiterada de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais; sempre com o objetivo de acumular riquezas em detrimento dos cofres públicos’.

Além da PF, a Operação 12º Trabalho é resultado de um trabalho conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. Além da detenção de Miranda, aproximadamente 70 policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e mais dois de mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas (TO). A ação ocorre no Tocantins, em Goiás e no Pará.

A PF também diz que a operação busca obtenção de novas provas e interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro. “Uma vez que os investigados permanecem praticando atos de lavagem por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público”, diz a nota.

 

Miranda já teve o mandato de governador do Tocantins cassado duas vezes. A última ocorreu no ano passado por abuso de poder político e econômico e arrecadação e gastos ilícitos de recursos na campanha de 2014.

Operações da PF anteriores

Ainda de acordo com a Polícia Federal, diversas operações da corporação (veja abaixo) constataram que o núcleo familiar de Miranda é composto por três pessoas influentes no meio político do Tocantins, que “sempre esteve no centro das investigações, com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa.”

Mesmo depois dessas operações, a PF diz o grupo prosseguiu realizando operações simuladas para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais. Entre elas, o comércio de gado de corte e empresas de fachada, construção e venda de imóveis, tudo para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais.

Com o avanço das investigações, a corporação diz que foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.

“Os investigados também agem no curso do processo, por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento”, conclui a nota da PF. O nome da operação faz referência ao 12º Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.

 

A reportagem tenta contato com a defesa do ex-governador Marcelo Miranda. O espaço está aberto para manifestação.