Data de Hoje
28 November 2024

Picciani derrota candidato de Cunha e é reeleito líder do PMDB

A presidente Dilma Rousseff levou a melhor nesta quarta-feira na primeira batalha do ano contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Patrocinado pelo Planalto, o deputado Leonardo Picciani (RJ) foi reeleito líder da bancada do PMDB na Casa por 37 votos a 30, e duas abstenções. A recondução do parlamentar fluminense ao posto representa um alívio para o governo no ano em que a Câmara analisará o processo de impeachment contra a pres

A presidente Dilma Rousseff levou a melhor nesta quarta-feira na primeira batalha do ano contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Patrocinado pelo Planalto, o deputado Leonardo Picciani (RJ) foi reeleito líder da bancada do PMDB na Casa por 37 votos a 30, e duas abstenções. A recondução do parlamentar fluminense ao posto representa um alívio para o governo no ano em que a Câmara analisará o processo de impeachment contra a presidente: a bancada do PMDB é justamente a maior da Casa. Não à toa o Planalto mergulhou com toda força na disputa, chegando a liberar o ministro da Saúde, Marcelo Castro, do cargo em meio à epidemia do zika vírus para que ele pudesse retornar ao Legislativo e votar em Picciani. A disputa dá mostras também do enfraquecimento de Cunha – que, assim como a presidente, está com o cargo em risco.

Picciani disputava a liderança da bancada contra o paraibano Hugo Motta, cuja candidatura foi criada por Cunha. O governo mergulhou na campanha pró-Picciani com a articulação de ministros e da própria presidente Dilma. O processo contou com a exoneração temporária de deputados licenciados e alocados em secretarias do Rio de Janeiro, como Sérgio Cabral Filho e Pedro Paulo, e a liberação de verbas para parlamentares, além, é claro, da participação de Castro.

Picciani lidera a bancada peemedebista desde 2015 e, apesar de chegar ao posto como um afilhado de Eduardo Cunha, passou a fazer acenos ao governo durante sua gestão: trabalhou contra o afastamento de Dilma Rousseff ao mesmo tempo em que saiu em defesa da recriação da CPMF – dois temas prioritários para o Planalto.

A tendência governista de Picciani acabou desagradando parte da bancada do PMDB, cada vez mais dividida entre aliados e oposicionistas do Planalto. O ponto máximo do conflito se deu quando ele, contrariando os apelos do grupo rebelde, alocou na comissão que vai discutir o impeachment de Dilma apenas parlamentares considerados moderados e com inclinação a poupar a presidente.

Em represália, a ala rebelde, próxima a Eduardo Cunha, articulou no fim do ano passado a derrubada do líder, elegendo em seu lugar o deputado Leonardo Quintão (MG). Com apoio da máquina palaciana, porém, Leonardo Picciani conseguiu reassumir o posto na semana seguinte. Conforme aliados, a estratégia de Cunha para tirar o antigo aliado do cargo acabou tendo efeito contrário: Picciani ganhou tempo para se fortalecer: estreitou a relação com o Planalto e ganhou o apoio de indecisos.

O resultado da eleição representa um duro golpe para o presidente da Câmara, eleito no ano passado com um amplo capital político, mas hoje assombrado pelas denúncias de participação no esquema do petrolão e pela descoberta das contas secretas que mantinha na Suíça. Eleger Motta era importante para demonstrar que Cunha mantinha força interna para derrotar o governo apesar da enxurrada de denúncias e da pressão, vinda de ala do Legislativo, da Procuradoria-Geral da República e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que seja afastado do cargo. Horas antes do pleito, ele não escondia a confiança na sua influência sobre a bancada: “Você já me viu perdendo alguma eleição?”, perguntava aos mais próximos.

A batalha entre Dilma e Cunha repete um enredo que faz lembrar a eleição para disputa da Câmara no ano passado, quando o Planalto interferiu a favor do petista Arlindo Chinaglia (SP). Como resultado de uma série de manobras fracassadas, o candidato de Dilma perdeu justamente para Eduardo Cunha. Ao longo do ano, ele acolheu as chamadas “pautas-bomba” e provocou uma série de constrangimentos ao governo. Já no final de 2015, decidiu ainda aceitar a abertura do processo de impeachment contra Dilma.

Além do processo, Dilma Rousseff tem também pela frente a dura missão de aprovar medidas impopulares, como a recriação da CPMF, e fazer passar no Congresso a reforma da Previdência. Picciani carrega a promessa de defender os interesses palacianos na bancada. Mas isso não significa que a vida da presidente ficará necessariamente mais simples: a maior bancada da Câmara segue dividida, sobretudo após a disputa pela liderança. No mais, a estratégia de enviar secretários e um ministro à Câmara para garantir vitória em uma disputa apertada deixa claro que Cunha não é o único entrave à articulação política da petista.

idente: a bancada do PMDB é justamente a maior da Casa. Não à toa o Planalto mergulhou com toda força na disputa, chegando a liberar o ministro da Saúde, Marcelo Castro, do cargo em meio à epidemia do zika vírus para que ele pudesse retornar ao Legislativo e votar em Picciani. A disputa dá mostras também do enfraquecimento de Cunha – que, assim como a presidente, está com o cargo em risco.

Picciani disputava a liderança da bancada contra o paraibano Hugo Motta, cuja candidatura foi criada por Cunha. O governo mergulhou na campanha pró-Picciani com a articulação de ministros e da própria presidente Dilma. O processo contou com a exoneração temporária de deputados licenciados e alocados em secretarias do Rio de Janeiro, como Sérgio Cabral Filho e Pedro Paulo, e a liberação de verbas para parlamentares, além, é claro, da participação de Castro.

Picciani lidera a bancada peemedebista desde 2015 e, apesar de chegar ao posto como um afilhado de Eduardo Cunha, passou a fazer acenos ao governo durante sua gestão: trabalhou contra o afastamento de Dilma Rousseff ao mesmo tempo em que saiu em defesa da recriação da CPMF – dois temas prioritários para o Planalto.

A tendência governista de Picciani acabou desagradando parte da bancada do PMDB, cada vez mais dividida entre aliados e oposicionistas do Planalto. O ponto máximo do conflito se deu quando ele, contrariando os apelos do grupo rebelde, alocou na comissão que vai discutir o impeachment de Dilma apenas parlamentares considerados moderados e com inclinação a poupar a presidente.

Em represália, a ala rebelde, próxima a Eduardo Cunha, articulou no fim do ano passado a derrubada do líder, elegendo em seu lugar o deputado Leonardo Quintão (MG). Com apoio da máquina palaciana, porém, Leonardo Picciani conseguiu reassumir o posto na semana seguinte. Conforme aliados, a estratégia de Cunha para tirar o antigo aliado do cargo acabou tendo efeito contrário: Picciani ganhou tempo para se fortalecer: estreitou a relação com o Planalto e ganhou o apoio de indecisos.

O resultado da eleição representa um duro golpe para o presidente da Câmara, eleito no ano passado com um amplo capital político, mas hoje assombrado pelas denúncias de participação no esquema do petrolão e pela descoberta das contas secretas que mantinha na Suíça. Eleger Motta era importante para demonstrar que Cunha mantinha força interna para derrotar o governo apesar da enxurrada de denúncias e da pressão, vinda de ala do Legislativo, da Procuradoria-Geral da República e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que seja afastado do cargo. Horas antes do pleito, ele não escondia a confiança na sua influência sobre a bancada: “Você já me viu perdendo alguma eleição?”, perguntava aos mais próximos.

A batalha entre Dilma e Cunha repete um enredo que faz lembrar a eleição para disputa da Câmara no ano passado, quando o Planalto interferiu a favor do petista Arlindo Chinaglia (SP). Como resultado de uma série de manobras fracassadas, o candidato de Dilma perdeu justamente para Eduardo Cunha. Ao longo do ano, ele acolheu as chamadas “pautas-bomba” e provocou uma série de constrangimentos ao governo. Já no final de 2015, decidiu ainda aceitar a abertura do processo de impeachment contra Dilma.

Além do processo, Dilma Rousseff tem também pela frente a dura missão de aprovar medidas impopulares, como a recriação da CPMF, e fazer passar no Congresso a reforma da Previdência. Picciani carrega a promessa de defender os interesses palacianos na bancada. Mas isso não significa que a vida da presidente ficará necessariamente mais simples: a maior bancada da Câmara segue dividida, sobretudo após a disputa pela liderança. No mais, a estratégia de enviar secretários e um ministro à Câmara para garantir vitória em uma disputa apertada deixa claro que Cunha não é o único entrave à articulação política da petista.